Escultor de Palmas que se inspira em HQ e games faz rifas de suas peças

“Meus primeiros passos na escultura vieram tarde, quando eu já estava com 18 anos. Queria muito uma estatueta de um personagem específico de um jogo de videogame, e conhecia uma pessoa que fazia pequenas estatuetas em massa epóxi. Fui até ele com o desenho do personagem que eu queria e lhe perguntei quanto me cobraria para fazer a peça. Me lembro que, na época, ele me pediu um valor que ultrapassava um salário-mínimo. Sem condições financeiras para encomendar o serviço, mas com ainda muita vontade ter a estatueta, resolvi eu mesmo comprar o material necessário [durepoxi, arame e lixa] e botar a mão na massa”. 

Foi assim que, mesmo antes de entrar na graduação em licenciatura em Artes pelo Instituto Federal do Paraná, em Palmas, e virar professor de Artes, Luciano Brunetti aprendeu a fazer as esculturas que hoje são um trabalho freelancer. 

Brunetti já sabia desenhar razoavelmente, o que o ajudou muito no processo, e tinha uma leve noção de como iniciar a modelagem. “Mesmo sem saber como utilizar referências anatômicas, experimentando, errando, após alguns meses terminei a estatueta que tanto queria, que guardo até hoje como referência de minha evolução”, relembra.

Entre 2000 à 2014, seu trabalho era bastante simples, e nada profissional. Foi quando iniciou a graduação em Artes que obteve um grande apoio do colegiado e também de um grande amigo e mestre, Douglas Colombeli. “Com suas orientações, me dediquei à escultura de forma mais séria e acadêmica, buscando novas técnicas e materiais, e obtendo melhores resultados”, agradece.

A paixão pela escultura o levou a experimentar trabalhos em madeira, gesso, plástico e outros tipos de massas e resinas. “Mas minha matéria prima preferida e a qual tenho grande domínio é o famoso durepoxi, aquela massinha branca e cinza que precisa misturar para secar, e é muito utilizado em reparos domésticos”, detalha. É com a massa epóxi que produz peças exclusivas sob encomenda e também matrizes de trabalhos autorais produzidos em série, através de moldes de silicone e fundição a frio. “Também utilizo muito papel alumínio e arames para as estruturas, corantes, tintas acrílicas para a pintura e vinagre para limpeza de resíduos da massa.”

Além das esculturas, Brunetti já pintou algumas telas, fez retratos em grafite e murais, mas apenas por encomenda. “Sei desenhar o suficiente apenas porque ajuda na hora de esboçar uma ideia para uma escultura. Mas também faço trabalhos comissionados de pintura de miniaturas para jogos de RPG e tabuleiro, assim como personalização e cenários para estes jogos”, conta.

Inspirações

Da mesma forma que grande parte dos artistas, o interesse pela arte começou na infância, mas não pela arte clássica, dos grandes nomes da história, mas sim por aquela que ilustrava antigas HQs de fantasia e ficção científica, as quais Brunetti tinha acesso pelos seus familiares, ou mesmo ilustrações encontradas nas obras literárias. São pintores e ilustradores como Boriz Vallejo, Julie Bell, Frank Frazzeta, Luiz Royo e Simon Bisley.

Na escultura, o artista utiliza como referência obras de escultores renascentistas e do período barroco, “mas minhas inspirações vêm de artistas contemporâneos, mais conhecidos no nicho pop por produzirem figure actions, garage kits e miniaturas colecionáveis e para boardgames, como Joaquim Palacios, Simon Lee, Alex Oliver e Anthony Watkins. Mas não posso deixar de mencionar que cinema e música também são essenciais para minha inspiração”, fala. 

Viver de arte

Brunetti não se imagina vivendo sem a sua arte, mas, infelizmente não é possível sobreviver só com ela. Por isso, suas produções, aquilo que ama fazer, está em segundo plano por ora. No entanto, o escultor sente que, mesmo de uma forma muito lenta, está conseguindo um bom reconhecimento profissional. Mas mesmo que tenha bons clientes e algumas encomendas de tempos em tempos, ainda não é o suficiente para suprir as preocupações cotidianas e as despesas que as envolvem. “O mercado da arte está bombando cada vez mais, mas é um fato que para conseguir abraçá-lo, além de artista, tem que ser um bom empreendedor. E eu sou muito bom… escultor”, julga.

O artista sabe que nem todo mundo dispõe de recursos financeiros para adquirir um de seus trabalhos de forma direta, e também avalia que é mais difícil a venda de obras autorais que não se encaixam como personagem conhecidos da indústria cultural. Então, para oportunizar que as pessoas tenham uma de suas esculturas, pensou que rifar algumas peças seria uma solução para passar seu trabalho a frente, obtendo apenas o valor real de cada peça. 

O valor arrecadado com essas rifas também servem como recurso para angariar fundos. “Passei o período da pandemia desempregado e, mesmo atuando novamente como professor, estou com poucas aulas. O dinheiro da rifa serve para aquisição de materiais necessários para produzir novas obras e ajudar com as despesas mensais básicas”, fala.

Como funciona

Para cada sorteio de três prêmios, Brunetti disponibiliza 50 a um custo de R$ 15 cada. Na rifa que está correndo atualmente, o primeiro prêmio é um busto na escala 1/6 de um personagem inspirado na trilogia de O Senhor dos Anéis, sendo o segundo produzido de uma série de apenas 10 unidades. Os 2º ou 3º prêmio são bustos na escala 1/8 de um Cavaleiro Medieval das Cruzadas. Todas as peças são produzidas em resina, a partir de um molde do original. 

Os participantes da rifa e interessados são adicionados a um grupo de whatsapp no qual recebem as atualizações da lista de participantes e números disponíveis, além dos dados para o pagamento via pix do número desejado, além de poderem esclarecer qualquer dúvida sobre as esculturas e sobre o trabalho do artista.

Quem se interessar pode entrar em contato com o escultor pelo whatsapp usando este link ou pelas redes sociais: Facebook e Instagram

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