Após a apuração de mais de 96% dos votos pelo escritório nacional eleitoral (Onpe), Castillo liderava, com 19%, seguido por Keiko, com 13,4%. Os resultados oficiais não serão divulgados antes do começo de maio, já que a recontagem será mais lenta em razão das análises de atas com problemas ou impugnadas. O novo presidente assumirá em 28 de julho, com o desafio de superar a emergência de saúde, a recessão econômica e uma crise política que levou o país a ter quatro presidentes desde 2018.
“A mudança e a luta estão apenas começando”, disse Castillo, um sindicalista de 51 anos que saiu do anonimato, em 2017, ao liderar milhares de colegas em uma greve nacional. O professor de escola rural começou a aparecer nas pesquisas e a se destacar entre os 18 candidatos há apenas uma semana, após percorrer o país e apresentar bom desempenho nos debates na TV.
A presença do candidato de esquerda no segundo turno foi celebrada pelo ex-presidente boliviano Evo Morales. “Com Castillo, temos uma esquerda antiestablishment que é socialmente conservadora e rejeita a economia de livre mercado”, disse o cientista político Carlos Meléndez, que antecipa uma “votação complicada” no segundo turno.
Castillo convocou ontem os grupos sociais e as organizações nacionais para iniciar um diálogo, ao considerar que o Peru “necessita de uma mudança estrutural para não continuar dividido”.
Keiko, por sua vez, enviou uma proposta de aliança ao partido do economista conservador Hernando de Soto. Keiko, de 45 anos, está sob investigação do Ministério Público pelo escândalo da Odebrecht, que afetou também quatro ex-presidentes peruanos.
O MP, que se prepara para levá-la a julgamento, anunciou que pedirá uma pena de 30 anos de prisão para Keiko pelas acusações de “crime organizado, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça”. Se ela for eleita, só poderá ser levada a julgamento quando seu mandato de cinco anos terminar.
“Entre Castillo e Keiko se prevê um segundo turno polarizado”, disse o diretor da Ipsos no Peru, Alfredo Torres. “Ambos têm bastante rejeição. Há um sentimento anti-Fujimori em um setor da população e, em outro, há um sentimento anticomunista. O anticomunismo se deve à terrível experiência com o Sendero Luminoso e, em certa medida, também é em razão das evidências do fracasso do regime chavista na Venezuela”, disse Torres. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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