Projeto do curso de Fisioterapia do Unidep acontece há 13 anos, demonstrando a multidisciplinaridade da profissão associada à humanização da formação acadêmica, contribuindo no desenvolvimento de crianças e adolescentes
No curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Pato Branco (Unidep), um dos campos de estágio que constituem os Estágios Supervisionados, obrigatórios para os acadêmicos dos 7º e 8º períodos, é a equoterapia. Os atendimentos são gratuitos e envolvem pacientes encaminhados pela Clínica Escola de Fisioterapia do Unidep. O projeto, que existe há 13 anos, volta-se a crianças e adolescentes com alterações genéticas, cognitivas e de movimento, entre elas paralisia cerebral, síndrome de down, distrofias musculares, autismo, entre outras.
A professora do curso de Fisioterapia do Unidep, Luane Paula de Souza, explica que a equoterapia contribui para o desenvolvimento sensório-motor de pessoas com comprometimentos variados, podendo beneficiar diversas faixas etárias, por meio de atividades terapêuticas planejadas pelos acadêmicos de Fisioterapia e com auxílio do cavalo.
“Usamos o cavalo como um recurso terapêutico, um agente cinesioterapêutico do movimento, que proporciona benefícios físicos para quem monta o animal. Esses pacientes são denominados de ‘praticantes de equoterapia’, pois estão ativamente participando da sua reabilitação. As contribuições no tratamento e reabilitação são diversas, entre elas destacamos o fortalecimento muscular, a melhora do equilíbrio e da coordenação motora. Isso também reflete na socialização, resultando em benefícios físicos e emocionais”, frisa
Isso está sendo vivenciado por Genifer de Jesus Sena, mãe da pequena Kiara Sena Valkinir, que possui 2 anos e 8 meses. Portadora de paralisia cerebral, a criança nasceu no auge da pandemia de Covid-19, em junho de 2020, o que exigiu muitos cuidados e uma nova dinâmica para a família, que hoje é acolhida por uma rede de apoio multidisciplinar, bem como pelo curso de Fisioterapia do Centro Universitário. Depois de pouco mais de um ano de terapia assistida na Clínica Escola, Kiara senta, se arrasta e dá os primeiros passos com apoio dos pais, além de falar as primeiras palavras – conquistas que fazem o sorriso brotar no rosto de Genifer, numa mistura de emoção e orgulho.
“Começamos a frequentar a Clínica de Fisioterapia do Unidep no final de 2021, e alguns meses depois iniciamos na equoterapia. A Kiara precisa de bastante estímulo e se desenvolveu 90% nesse último ano. Os pacientes aqui são tratados como família, percebemos muita dedicação e esforço. Não posso nem expressar o que significa essa experiência, o contato com os profissionais, professores e alunos, e também com o animal. Através desse trabalho, o Unidep contribui para realizarmos o nosso sonho, para que a Kiara possa se desenvolver e ter sua independência”, destaca Genifer.
A acadêmica do 7º período do curso de Fisioterapia, Julia Dias, está iniciando o seu primeiro ciclo no Estágio Supervisionado, e foi direcionada para a equoterapia. Depois, ela vivenciará a prática da profissão em contextos ambulatoriais, com a neurologia e ortopedia, e hospitalares, quando exercitará a fisioterapia respiratória. “Me sinto muito feliz em poder ajudar na conquista das famílias, pois são mães e pais que acreditam na nossa profissão. Seguirei dando o meu melhor para superar as expectativas dessas pessoas, bem como para contribuir na saúde e na qualidade de vida dos pacientes. Ter a experiência na equoterapia nos oportuniza conhecer outras áreas da nossa profissão, demonstrando o caráter multidisciplinar da Fisioterapia”, avalia.
Para alguns, a equoterapia está se constituindo enquanto uma escolha profissional e missão de vida. É o caso de Bruna Rotava, egressa do curso de Fisioterapia. Ela, que concluiu a graduação em 2022, começou a estagiar na área em 2021 e, de lá para cá, levou a equoterapia para o seu Trabalho de Conclusão de Curso e também foi bolsista de iniciação científica da Pró-Reitoria de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão, Inovação e Internacionalização (PROPPEXII) da instituição, estudando o mesmo tema: os efeitos da equoterapia em crianças autistas.
Hoje, ela atua profissionalmente na área e está buscando se especializar no assunto. “Quando recebei meu primeiro paciente com autismo no estágio em equoterapia, compreendi que esse seria o tema do meu TCC. A contribuição do animal para o desenvolvimento da criança é algo incrível de se observar na profissão, fazendo com que a criança realmente goste da terapia. Passei um ano convivendo com a equoterapia todos os dias e percebi o quanto é gratificante o sorriso dos pacientes e das famílias, nos agradecendo”, evidencia Bruna.
Realização
As sessões de equoterapia ocorrem em horário convencional de estágio dos alunos do curso de Fisioterapia, contando com a supervisão de uma professora e com a presença de um auxiliar guia na condução do cavalo. Os atendimentos ocorrem no Parque de Exposições, em concordância com a Sociedade Rural e Núcleo de Criadores de Cavalo Crioulo. Para viabilidade dos atendimentos em equoterapia, há parceria com a Cabanha Porá, que cede cavalos e auxiliares guia. Para saber mais, basta entrar em contato com a Clínica Escola de Fisioterapia da instituição pelo (46) 3220 – 3056, de segunda a sexta-feira, das 13h30 às 17h.
Comentários estão fechados.