Não por acaso, a ideia é sair do nicho de apartamentos em formato de studio, que empresas como a Housi, da construtora Vitacon, atuam, para alcançar moradores em busca de conforto e espaço. E, claro, que gastariam mais com a estadia. “Temos até apartamentos menores, de cerca de 40 metros quadrados, mas é uma premissa nova que eles possuam cômodos separados, com quarto, sala e cozinha”, diz Otávio Suriani, presidente da eConfor.
A empresa nasce com uma considerável carteira de imóveis: são sete empreendimentos no Estado de São Paulo, com 500 apartamentos à disposição com valor patrimonial equivalente a R$ 350 milhões. A meta da eConfor é dobrar o patrimônio administrado, mas chegando a 2 mil imóveis ofertados até 2024 e, até lá, a empresa não pensa em uma expansão para outros Estados.
O que auxiliou a eConfor a nascer com um grande número de imóveis foi a crise: a Estancorp sofreu bastante durante a pandemia. A companhia costumava alugar boa parte dos seus mais de 1,5 mil apartamentos para multinacionais e grandes empresas que traziam funcionários de outras regiões do Brasil e também do exterior.
Mas aí veio a pandemia e praticamente paralisou esse negócio, e os custos aumentaram, afinal todos os prédios são administrados pela própria Estancorp. Para completar, os hotéis também viram as suas ocupações minguarem. A companhia viu o faturamento de todos os seus negócios cair pela metade no ano passado, a R$ 150 milhões.
“Tentamos ver como fazer uma limonada com esse limão da pandemia, e a crise foi uma oportunidade para mudança”, afirma Suriani. “Vimos que o mercado corporativo iria demorar para retomar e que precisávamos de outras fontes de receita para fazer um negócio mais resiliente.”
Agora, a empresa já está tendo um contato com clientes bem diferente do que estava acostumada. De acordo com Suriani, o perfil é bem variado: desde idosos que decidiram morar em regiões mais centrais e que não querem pensar em levar móveis e eletrodomésticos de uma região para a outra, até jovens solteiros e casados que decidiram morar mais próximos do trabalho, mesmo com o crescimento do home office.
A meta da companhia é de que a eConfor represente cerca de 30% do faturamento da Estancorp no médio prazo e metade em um período mais longo.
Por isso, a expansão da eConfor continuará sendo em locais com um grande número de sedes de empresas. Por enquanto, há opções de apartamentos em regiões como Berrini, Itaim, Jardins, Moema, Vila Olímpia e na região da Avenida Paulista. A empresa também oferece imóveis de frente para o mar na cidade de Santos, próximo à praia do Gonzaga.
Conforto
A companhia quer atrair clientes que procuram por um conforto maior do que se tivessem alugado um apartamento em alguma imobiliária convencional. Entre os serviços à disposição estão a arrumação do apartamento duas vezes por semana e eletrônicos e eletrodomésticos de ponta. Além disso, o inquilino não gasta um centavo com qualquer tipo de manutenção do imóvel: se uma lâmpada queima, por exemplo, ela é prontamente substituída sem um aumento do valor.
Isso não quer dizer que os aluguéis são baixos. Para locar um apartamento de 113 metros quadrados nos Jardins, por exemplo, o cliente vai gastar R$ 18 mil por mês. Na região da Berrini, um imóvel de 40 metros quadrados sai por R$ 4,6 mil. A estadia mínima no local é de 30 dias.
Para Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da Fundação Getúlio Vargas, serviços prestados por empresas como a eConfor e a Housi são um ponto intermediário entre um aluguel convencional ou no Airbnb e uma estadia no hotel.
“Essas empresas podem agregar outros serviços a essas estadias e passam a criar uma briga interessante com o Airbnb e o aluguel convencional, ainda mais pela facilidade de cancelamento. E o cliente pode optar por ter um imóvel com cara de casa, mas com os mimos que se veem nos hotéis”, afirma Ajzental. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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