Dirceu Antonio Ruaro
Temos trazido, para nossa reflexão, ao longo das últimas semanas, temas referentes a comportamentos, sentimentos e emoções de nossos pré-adolescentes numa tentativa de auxiliar nossos leitores que passam pela experiência de educar filhos nessa fase de desenvolvimento.
É evidente que cada um de nós, tem sua individualidade e, portanto, age dessa ou daquela maneira, de acordo com as vivências e experiências pelas quais passamos.
Por isso é importante desde a infância, que nossos filhos tenham experiências e vivências o mais positivas possível na direção da construção de um caráter e personalidade o mais próximo possível do ser humano que desejamos que eles se tornem.
Estudos de especialistas em formação humana e desenvolvimento do ser humano têm dito que há uma relação muito forte entre o estilo de educação que desenvolvemos em nossas famílias e o comportamento de nossos filhos.
Basicamente são apresentados quatro estilos: 1) autorizativo ou democrático; 2) autoritário; 3) permissivo ou indulgente e 4) negligente.
Dependendo do estilo adotado pelos pais, a qualidade das relações familiares pode ser melhor ou pior. No entanto, é preciso entender que, muitas vezes não existe um único estilo adotado. Muitas vezes e dependendo da família, pode haver situações que revelam um ou outro estilo, ou um estilo sobressaindo-se mais.
Parece-me importante, que os pais, de qualquer fase de desenvolvimento dos filhos, conheçam esses estilos, discutam sobre eles e adotem o que pode trazer resultados mais adequados para a sua família.
Por outro lado, é interessante observar que muitos pais, esperam que seus filhos tomem atitudes “a sua imagem e semelhança”. Isso é muito perigoso, pois a individualidade de uma pessoa precisa ser respeitada e não é por um tipo de imposição que educamos nossos filhos para a vida em sociedade.
Falando rapidamente dos estilos anteriormente mencionados, o estilo autorizativo ou democrático, é uma forma de educar os filhos demonstrando alto apoio e alto controle. Nesse caso, os pais adotam comportamentos responsáveis em relação a seus filhos e exercem com consciência a função de apoio e orientação em sua educação. São pais sensíveis às necessidades de seus filhos, sabem reconhecer e valorizar suas habilidades, fazem solicitações apropriadas e razoáveis. São disponíveis para discutir com os filhos a conduta a ser tomada em diferentes situações e contextos, encorajando a autonomia, mostram afeição, calor e empatia em relação a eles.
No estilo autoritário existe baixo apoio e alto controle, ou seja, os pais controlam e tentam moldar seus filhos com base num ideal expressando juízos avaliativos sobre seus comportamentos e atitudes. São pais que impõem uma conduta padrão, muitas vezes consideram esse tipo de conduta a única aceitável e positiva. Para eles, a obediência à autoridade é uma virtude que tentam enraizar nos seus filhos, submetendo-os a intervenções punitivas. Desencorajam o diálogo, as trocas de opiniões, não explicam o sentido das regras que adotam, são inflexíveis, provocando medo, ansiedade e frustração nos filhos.
O estilo permissivo ou indulgente apresenta alto apoio e baixo controle. São pais afetuosos e acolhedores, tendem a satisfazer todos os desejos dos filhos, mesmo que não tenham sentido e não exigem comportamentos corretos e responsáveis em família, não oferecendo nenhum tipo de apoio à formação da criança.
Finalmente, o estilo negligente é aquele que apresenta baixo controle e baixo apoio, ou seja, indiferente. Esse estilo educativo não cobra nada dos filhos, não há controle e nem apoio. Não há demonstração de afeto, proximidade ou apoio. É um estilo que se pode comparar ao “cada um por si”, pois não leva em consideração as opiniões e nem os sentimentos da criança.
Buscando uma conclusão mesmo que rápida, dizem os especialistas que o estilo autorizativo ou democrático é o que mais permite que os adolescentes se insiram no contexto social desenvolvendo um senso crítico que lhes permite confiar em si mesmos e desenvolver o autocontrole.
Já os filhos criados no estilo autoritário tendem a ser egocêntricos, ter uma baixa autoestima e uma atitude negativa em relação ao mundo e as pessoas.
No estilo permissivo as crianças demonstram imaturidade, dificuldade de autocontrole e de assumir condutas sociais responsáveis. Sentem-se sozinhas e podem apresentar comportamentos agressivos pois sentem a necessidade de ser amadas e protegidas.
O estilo negligente é o que produz resultados mais desastrosos pois as crianças acabam tendo pouco ou nenhum controle sobre suas emoções e sentimentos, são impulsivas, demonstram maior dificuldade no ambiente escolar.
Mesmo que os pais adotem um ou outro estilo educativo, é importante dizer que, além disso, há os contextos sociais e familiares que interferem na formação do caráter e da personalidade das crianças, ressaltando-se que o investimento afetivo é muito intenso e central para a vida. As experiências emocionais e sentimentais vividas pelas crianças nas suas relações familiares dirá, mais tarde, muito mais do que se pensa nos relacionamentos consigo mesmo e com os outros, pense nisso enquanto lhe desejo boa semana.
Doutor em Educação pela UNICAMP, Psicopedagogo Clínico-Institucional