Segundo familiares, Conceição havia acabado de acordar, saiu do quarto e caminhava pela sala, perto da janela, quando foi atingido na testa. A família diz ter pedido socorro a policiais civis que passavam pela rua, e afirma que eles se recusaram a transportar o adolescente ao hospital. Ele foi levado por parentes ao hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, onde acabou morrendo. A mãe de Conceição chegou a precisar de auxílio médico ao ser informada sobre a morte. O adolescente cursava o segundo ano do Ensino Médio no colégio estadual Professor José da Silva Marques.
A Polícia Civil nega que tenha atuado na favela em que Conceição morava. “Com relação ao adolescente baleado, a gente não tem todas as informações. Isso será objeto de uma investigação. No local onde ele foi baleado não havia nenhum policial, naquela localidade. Eles perceberam um tumulto à distância, e obtiveram a informação de que o adolescente tinha sido baleado”, afirmou o subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil do Rio, Rodrigo Oliveira, em entrevista coletiva.
A operação policial no complexo da Penha reuniu agentes das polícias Civil do Rio, do Pará e do Amazonas, com auxílio da Polícia Militar do Rio. Chamada “Coalizão Pelo Bem”, a ação foi realizada simultaneamente em São Paulo e no Amazonas. No Rio, o principal objetivo era prender Mano Kaio, considerado um dos chefes da facção criminosa Comando Vermelho e apontado como mandante de crimes recentes em Manaus. Ele estaria escondido no complexo de Penha, mas não foi localizado.
Durante a operação no Rio houve intensa troca de tiros e duas pessoas foram mortas – o adolescente não está contabilizado. Oito pessoas foram presas, sendo quatro do Pará, três do Amazonas e um do Rio. Foram apreendidos um fuzil, uma granada, munição, drogas e dinheiro.
Em São Paulo, duas pessoas foram presas e um carro foi apreendido. No Amazonas, uma pessoa foi morta e outras cinco foram presas. Ao todo, a polícia apreendeu quatro carros e R$ 13 mil em dinheiro.
“O trabalho de inteligência indicou que as ordens dos ataques partiram de pessoas que estavam em favelas aqui do Rio de Janeiro”, contou a delegada-geral do Amazonas, Emília Ferraz, que também participou da entrevista coletiva no Rio.
“Há cerca de seis meses começou a nos chamar a atenção o fato de detectarmos pessoas de outros Estados no Rio de Janeiro”, afirmou o delegado Oliveira. Segundo ele, investigações de roubos a joalherias na zona sul apontaram a participação de criminosos do Pará. “Disseram então que os traficantes que deram as ordens para os ataques no Amazonas estariam no Rio de Janeiro”, concluiu Oliveira.
Três pessoas consideradas foragidas ainda estariam no Rio de Janeiro, segundo a Polícia Civil.
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