
“Quero dar orgulho para meus pais.” A frase da estudante Luiza Gabrielly Damaratti, de 16 anos, resume a motivação que a levou a viver uma experiência transformadora: um semestre de intercâmbio na Irlanda, viabilizado pelo programa Ganhando o Mundo, do Governo do Paraná.
Aluna do 2º ano do ensino médio no Colégio Estadual do Campo Paulo Freire, em Palmas, no Sul do Estado, Luiza foi uma das 75 estudantes da rede pública que desembarcaram na última quinta-feira (22) no Aeroporto Afonso Pena, após quase cinco meses de intercâmbio no país europeu. Essa foi a primeira turma de 2025 a retornar ao Brasil.
Neste ano, o programa Ganhando o Mundo contempla 1.300 estudantes da rede estadual. No primeiro semestre, 775 alunos embarcaram para Irlanda, Canadá e Nova Zelândia. Outros 525 jovens devem viajar no segundo semestre para destinos como Austrália, Estados Unidos, Reino Unido e novamente Irlanda.
Natural da comunidade rural Paraíso do Sul, em Palmas, Luiza sempre viu na educação o caminho para mudar sua realidade e ajudar sua família. “Meu pai é agricultor e minha mãe, formada em pedagogia, trabalha em escola. Quero ser alguém que eles tenham orgulho, porque vejo o quanto eles batalham todos os dias, faça chuva ou sol”, afirma.
Desde a infância, Luiza demonstrou dedicação aos estudos: aprendeu a ler e escrever antes de iniciar a vida escolar, mantém boas notas e comportamento exemplar. Agora, já mira o vestibular. O objetivo é cursar medicina para retribuir à comunidade onde vive.
“Comprei livros para estudar, e neste ano farei o Enem como treino. Pretendo me inscrever em várias universidades, tanto no Brasil quanto no exterior. Estou pesquisando instituições como Harvard e algumas universidades italianas”, conta a jovem.
Primeiras experiências e amadurecimento
O intercâmbio proporcionou a Luiza uma série de experiências inéditas: primeira viagem de avião, primeira vez fora do Brasil e a descoberta de novos ambientes culturais, como castelos históricos da Irlanda. A jovem também aprimorou significativamente o inglês, um dos principais objetivos do Ganhando o Mundo.
“Antes, eu era muito tímida e tinha dificuldade para fazer amigos. Essa experiência me forçou a sair da minha zona de conforto e me abrir para o mundo”, relata.
A distância da família foi outro desafio superado. Luiza nunca havia ficado tanto tempo longe dos pais e irmãos. A decisão de participar do programa exigiu diálogo e convencimento dentro de casa. Segundo a mãe, Andréa Damaratti, o amadurecimento da filha compensou a saudade.
“Foi difícil, senti muito a falta dela. Mas ela voltou uma moça, crescida, independente. Levaram um bebê e me devolveram uma mulher. Ela aprendeu muito, e isso vai inspirar os irmãos também”, relata a mãe emocionada.
Luiza é a mais velha de quatro irmãos e já inspira os caçulas. A irmã Camilly, de 12 anos, quer seguir seus passos e participar do programa no ensino médio. Os irmãos gêmeos, de 9 anos, começaram a aprender inglês e espanhol com a ajuda da irmã mais velha. “Vamos estudar juntos”, diz Luiza com orgulho.
Durante a estadia, Luiza viveu em Ballinasloe, no condado de Galway, uma cidade de cerca de 6,5 mil habitantes — menor até que Palmas. Ela destaca a hospitalidade da host family e o apoio que recebeu durante toda a experiência. “Fui muito bem recebida, eles me incluíram em tudo e me levaram para conhecer vários lugares.”
O estilo de vida irlandês também deixou marcas positivas. “Lá as pessoas trabalham, mas aproveitam muito o tempo com a família e os amigos. Quero isso para minha vida: me formar em medicina, melhorar a vida da minha família e viver com qualidade”, afirma.
Ganhando o Mundo
Criado em 2019, o programa Ganhando o Mundo já levou 2.015 estudantes da rede estadual do Paraná para intercâmbios em países como Irlanda, Estados Unidos, França, Austrália, Canadá, Reino Unido e Nova Zelândia. Com os embarques de 2025, o número de alunos contemplados chega a 2.540.
Além dos estudantes do ensino regular, o programa também contempla alunos de colégios agrícolas, professores e diretores da rede estadual de ensino. O investimento total já ultrapassa R$ 500 milhões, custeando passagens aéreas, bolsas-auxílio, organização dos passaportes e toda a logística das viagens.
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