Estudo avalia imagem corporal de alunos

Flori Antonio Tasca

Outro estudo publicado em 2013 na “Revista Latinoamericana de Psicologia” procurou avaliar a possível relação entre a imagem corporal, o status social e o bullying entre alunos de uma escola de Florianópolis, Santa Catarina. Embora não tenha sido encontrada diferença significativa em relação à imagem corporal, os resultados sugeriram que os agressores estão mais satisfeitos consigo mesmos, além de apresentarem maior popularidade. Já as vítimas e vítimas-agressoras gostariam de ser mais altas. O estudo foi realizado pelos pesquisadores Gustavo Levandoski e Fernando Luiz Cardoso e recebeu o nome de “Imagem corporal e status social de estudantes brasileiros envolvidos em bullying”.

Por “imagem corporal” se entende a maneira pela qual nosso corpo parece para nós mesmos. Ou seja, trata-se de uma representação mental, uma autoavaliação da imagem física. Muitas vezes, essa imagem pode ser distorcida, apresentando alguma deficiência ou deformidade que acaba gerando bloqueios psicológicos. Há estudos indicando que adolescentes com excesso de massa corporal são marginalizados socialmente, além de terem mais sintomas depressivos. Por outro lado, um indivíduo com sobrepeso pode ser bem aceito pelos seus pares quando se encontra em um status social mais elevado.

A pesquisa se concentrou apenas nos meninos, porque houve dificuldade na construção do diagnóstico de bullying entre as meninas. Embora os resultados tenham demonstrado um bom nível de satisfação corporal entre os participantes como um todo, observou-se que as vítimas e as vítimas-agressoras gostariam de ter uma imagem semelhante à dos seus agressores. O agressor parece ter uma autoestima corporal ligeiramente superior à dos seus colegas, mas foram os alunos vítimas-agressores que mais se julgaram bonitos.

As meninas do colégio foram perguntadas sobre quais colegas elas entendiam como os mais bonitos e, sem saber do diagnóstico de bullying, elas escolheram os agressores. Esse cenário parece confirmar a ideia de que existe uma relação entre o status social e o agressor. Os agressores também são vistos pelos outros como os mais populares. Eles são os que mais se destacam em atividades que exigem forças e habilidades esportivas, ao passo que as vítimas analisadas se saiam melhor em matemática e em português.

Também se observou que os alunos sem envolvimento com bullying apresentam uma rejeição maior a conviver com alunos vítimas e agressores, mas que, se tivessem que escolher, tenderiam ao agressor, possivelmente por medo de se tornar também vítimas. Em relação ao grau de instrução dos pais, não houve diferença estatística significativa.

Como conclusão, os autores sustentam que a imagem e a percepção corporal, bem como a posição social, exercem influência e diferem na ação dos envolvidos em bullying. No entanto, eles apontaram limitações da pesquisa e sugeriram novos estudos sobre o tema.

Educador, Filósofo e Jurista. Diretor do Instituto Flamma – Educação Corporativa, doutor em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná, fa.tasca@tascaadvogados.adv.br

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