Jardel Cristiano Bordignon é professor, mestrando em Medicina pela USP e diretor do Grupo Plátano
A pesquisa científica tem apresentado o Sudoeste paranaense ao mundo acadêmico. Recentemente, o aluno do curso de Medicina do Centro Universitário de Pato Branco -UNIDEP, Rodrigo Gardona, e o professor Jardel Cristiano Bordignon, publicaram um estudo sobre sepse desenvolvido em nossa região em uma importante revista científica: Clinical Chemistry and Laboratory Medicine (CCLM).
A pesquisa faz parte do pós-doutorado do acadêmico Rodrigo e do mestrado do professor Jardel, ambos desenvolvidos na USP (Universidade de São Paulo). Rodrigo, antes de ingressar no curso de Medicina, havia atuado em Enfermagem por vários anos, e é doutor pela Escola Paulista de Medicina da (UNIFESP).
Essa publicação faz parte de uma série de estudos que estão sendo desenvolvidos em nossa região, tendo a sepse, também conhecida como “infecção generalizada”, como tema principal.
No Brasil, a prevalência de sepse chega a 30%, com uma taxa de mortalidade hospitalar próxima de 55%. É a principal causa de morte em unidades de terapia intensiva (UTI) não cardiológica.
A sepse é caracterizada pela disfunção orgânica, ou seja, os órgãos começam a falhar em pacientes infectados. A principal infeção relacionada à sepse é a pneumonia. Muitos pacientes que tiveram sepse estão sujeitos a complicações crônicas da doença, por exemplo, uma piora da qualidade de vida.
Conforme Jardel, os estudos se baseiam em um novo marcador biológico, o qual vem apresentando resultados promissores no diagnóstico precoce da infecção, já que, de acordo com os pesquisadores, esse é um dos grandes desafios nesta doença. Até o momento, no Brasil, esse grupo de pesquisa é o primeiro a realizar estudos seriados com esse marcador.
Parte da pesquisa conta também com apoio de outras pessoas, incluído acadêmicos do UNIDEP e professores da USP, Universidade Federal de Minas Gerais -UFMG e UNIOESTE de Francisco Beltrão.
Saiba mais sobre a sepse
A sepse é uma doença potencialmente grave e caracterizada por um conjunto de manifestações críticas que se espalham pelo organismo, produzidas em resposta à evolução de um quadro infeccioso.
O Brasil está entre os países com as maiores taxas de letalidade por sepse. Segundo dados do Instituto Latino-Americano da Sepse (ILAS), a estimativa de ocorrência do quadro no país chega a 670 mil casos por ano, sendo 240 mil de pacientes fatais em decorrência da doença.
A sepse é causada por bactérias e vírus, por conta de uma disfunção, que fazem com que o sistema circulatório não consiga suprir as necessidades sanguíneas de órgãos e tecidos, levando a uma condição potencialmente fatal. Embora a probabilidade seja maior em casos de pacientes que já se encontram hospitalizados para tratamento de um quadro infeccioso, existe um grupo de pessoas ainda mais suscetível à sepse, como crianças com menos de um ano, bebês prematuros, idosos, pacientes que passaram por quimioterapia, usuários de corticosteróides, portadores do vírus HIV, pacientes com câncer, diabéticos ou aqueles com doenças crônicas, como insuficiência renal.
As causas mais comuns que levam a essa disfunção são infecções nos pulmões, na pele e na região abdominal em órgãos como apêndice, intestino, rins, além de infecções urinárias ou meningite.
Isso porque nosso organismo atua constantemente se defendendo de agentes externos, uma reação comum e que, em condições normais de saúde, pode ocorrer sem quaisquer sintomas. Quando o corpo não consegue fazer esse processo, a infecção faz com que o organismo lance mecanismos de defesa que prejudicam suas funções vitais. Nesses casos, o paciente pode apresentar sintomas como queda de pressão arterial, diminuição na produção de urina, falta de ar, taquicardia, alteração de consciência, fraqueza extrema e vômito.
A cura da sepse está diretamente ligada ao status clínico do paciente e a expertise da equipe médica de atuação no caso, e é necessário que os profissionais tenham sensibilidade na detecção precoce dos sinais no paciente para uma rápida atuação.
Como medida preventiva, é importante não se automedicar, cultivar hábitos saudáveis e não fazer uso desnecessário de antibióticos.
*Fonte: CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”