Pe. Lino Baggio
No próximo domingo, dia 16, teremos que agradecer a Tomé esse querer ver e tocar para crer. Encontrar-se com um ressuscitado não é coisa para todos nem para todos os dias. Por isso, não é possível acreditar nisso sem mais nem menos. E muito menos Tomé, o realista, que não acreditava nem sequer na sua sombra, para quem o ressuscitado seria um fantasma normal.
Este Tomé é um sujeito tão típico do nosso mundo de hoje. Quer colocar os dedos nas feridas das mãos e no lado do ressuscitado. Quer pisar firme na sua vida. Quer seguranças! E quem não as quer? Tomé realmente era o porta-voz de todos nós e dos outros apóstolos, que pensavam e esperavam, acreditavam e duvidavam, todos igualmente. Quando o viram na cruz decidiram: “Isto foi um erro; vamos todos para casa, voltemos para o lago, para as redes e para os barcos”.
Este Tomé, sim, que deu um pulo na fé. Ele também acreditou, mas dolorosamente. Por causa do seu pseudocaráter seguro, construiu uma fortaleza e vivia ali dentro, sem porta nem janelas que se abrissem para a esperança, para o sonho, para a surpresa, para o futuro. Tinha medo de crer, mas, de repente, ele nos propõe Cristo. Propõe-nos Cristo como um Senhor que vive “com as feridas”. Sem se dar conta, o desacreditado Tomé nos mostrou um itinerário de fé que sai do que nos acostumamos imaginar. Nós não conhecemos Jesus através de argumentos irretocáveis. Nem sequer através de milagres chamativos. Reconhecemos Jesus pelas suas feridas. Só quando colocamos a mão nelas reconhecemos que está vivo, que não é um conto.
Finalmente, a este Tomé e a todos os que somos como ele, Jesus nos diz: “Escute-me: deixe de fazer experimentos e de querer provas, que a fé, sendo racional, não é racionalista nem de laboratório. Deixa de meter tanta cabeça e coloca mais coração, que por aí vai a fé. O coração tem as suas razões, que a razão não conhece. É o coração que sente Deus, e não a razão. E isso é precisamente a fé: Deus sensível ao coração, não à razão. Feliz quem assim confia no coração e assim acredita em Deus! Feliz quem, ao vê-lo, confia em Deus, que nunca deixou ninguém na mão. Você, que duvida, venha ao que não duvida: quem duvida de Deus, venha a Deus, que não duvida do homem!
“Meu Senhor e meu Deus”. Depois desse profundo ato de fé, Tomé foi propagar o evangelho, até morrer, martirizado por proclamar a sua fé em Jesus Cristo ressuscitado. Dúvidas preciosas de Tomé que obtiveram de Jesus aquela bela notícia: “Felizes os que creem sem terem visto”.
Caminhemos de mãos dadas com Tomé, coloquemos os nossos dedos nas muitas feridas que o Crucificado continua tendo hoje, nos nossos irmãos pobres e necessitados, como gosta de dizer o papa Francisco: “Tocar a carne de Cristo, no pobre”.
Creio Senhor, mas aumenta a minha fé. Senhor, quero colocar os meus dedos no vosso lado e nos meus irmãos mais necessitados.
Vigário Paroquial na Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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