Segundo Ramos, que é considerado um dos mais leais colaboradores e amigos de Bolsonaro, o presidente já comunicou a ele a sua substituição pelo senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), nesta quarta-feira, 21, mas não confirmou nada sobre sua eventual ida para a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar do ministro Onyx Lorenzoni, como a imprensa noticia. “O presidente é ele, eu sou soldado, cumpro missão. Aprendi, em 47 anos de vida militar, que soldado não escolhe missão. Se ele me der outra no governo, eu aceito”, antecipou o general, que manifestou o desejo de permanecer com gabinete no Planalto.
Ele tem uma situação particularmente delicada no governo: general de quatro estrelas, topo da carreira militar, ele abriu mão de um ano e seis meses no Exército, desistiu do sonho de ser comandante do Leste, no Rio de Janeiro, e passou para a reserva exatamente para um cargo relevante no governo do velho amigo Bolsonaro. Isso agora está em risco.
Só uma coisa Ramos não admite: que façam “fofoca” ou publiquem que ele está caindo por incompetência ou por ter inimigos e sofrer pressões no Congresso. “Isso, não. Eu estava, aliás, ainda estou muito feliz na Casa Civil e dei o melhor de mim. Tanto que estou recebendo telefonemas de parlamentares de vários partidos, em solidariedade”, disse.
Então, por que a troca? A resposta do general é direta: “Por motivos políticos, óbvio. Se eu estivesse sendo trocado por alguém formado em Oxford, ou Harvard, tudo bem, poderiam dizer que falhei. Mas é por um político aliado do presidente, é assim que funciona”.
Realmente, o general Ramos, que foi Secretário de Governo e assumiu a Casa Civil em março deste ano, está sendo substituído por Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas e um dos principais líderes do Centrão, que, aliás, votou ostensivamente a favor do petista Fernando Haddad e contra Jair Bolsonaro em 2018.
Quanto mais Bolsonaro é acossado pela CPI da Covid e pela queda de popularidade, ele vai ocupando o Planalto com políticos do Centrão, enquanto acumula demissões de militares. Já demitiu o general Fernando Azevedo e Silva da Defesa e os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, todos de quatro estrelas, além do general Santos Cruz (Secretaria de Governo), Juarez de Paula (Correios), Franklimberg Freitas (Funai) e Eduardo Pazuello (Saúde), que é da ativa.
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