Com a decisão, Del Nero poderá reassumir funções no futebol em 2038, quando teria 97 anos de idade. A suspensão de 20 anos é retroativa à decisão da Fifa de banir o dirigente brasileiro, então de forma permanente, em abril de 2018. Na ocasião, a entidade mundial enquadrou Del Nero em cinco artigos do seu Código de Ética: 21º (suborno e corrupção), 20º (oferecer ou aceitar presentes ou outros benefícios), 19º (conflitos de interesse), 15º (lealdade) e 13º (regras gerais de conduta).
O brasileiro recorreu à CAS, que corroborou a decisão inicial da Fifa, “quanto às conclusões sobre o mérito” da questão, mas decidiu rever a punição aplicada. E reduziu a pena para 20 anos de suspensão. O julgamento da CAS tem caráter apenas esportivo, sem afetar a situação de Del Nero junto à Justiça dos Estados Unidos, onde foi indiciado por fraude, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa.
Del Nero era integrante do então Comitê Executivo da Fifa quando a Justiça americana fez a famosa operação de prisão de dirigentes do futebol num hotel de luxo na Suíça por suspeitas de corrupção, entre outras. O brasileiro José Maria Marin, outro ex-presidente da CBF, foi um dos sete detidos naquele fim de maio de 2015.
Del Nero estava no local, mas não chegou a ser preso. Mas não escapou de ser indiciado pela Justiça dos EUA meses depois. Ele renunciou às suas funções tanto na Fifa quanto na Conmebol. E passou a evitar deixar o Brasil por causa do risco de ser preso, como aconteceu com outros dirigentes.
Promotores americanos alegam que ele recebeu milhões de dólares em propinas em acordos comerciais assinados para as transmissões da Copa América, da Copa Libertadores e da Copa do Brasil. O caso segue em investigação. Na Fifa, ele foi punido com o banimento e uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 5,6 milhões no câmbio atual).
Afastado dos holofotes desde que foi banido do futebol, Del Nero voltou ao noticiário nos últimos meses por conta do afastamento do seu sucessor no comando da CBF, Rogério Caboclo. O presidente afastado da entidade enfrenta acusação de assédios moral e sexual por parte de uma funcionária da confederação e atribui o caso a uma conspiração supostamente criada por Del Nero.
De acordo com Caboclo, o seu antecessor segue com forte influência na entidade e estaria tramando para tirá-lo do poder. Caboclo havia chegado à presidência da CBF com o apoio de Del Nero, mas acabou rompendo com o seu então amigo e aliado político e disse ter entrado em conflito com ele antes do surgimento das denúncias da funcionária.
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