Um ano bem mais positivo para a atividade de comércio exterior do Paraná. Assim pode ser resumido o balanço anual das exportações do estado em 2021. Depois de um 2020 de ligeira queda de 0,16% (US$ 16,4 bilhões) em relação a 2019 (pré-pandemia), o ano passado registrou crescimento expressivo de 17,1%, com US$ 19 bilhões em produtos vendidos para fora do país. As importações também cresceram, com alta de 43% e US$ 17 bilhões negociados. Com isso, o saldo da balança comercial do Paraná fechou o ano positiva, em US$ 2,1 bilhões, porém, 53% abaixo dos US$ 4,4 bilhões registrados em 2020. Os dados foram divulgados esta semana pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia.
De acordo com o economista da Federação das Indústrias do Paraná, Evânio Felippe, a queda no saldo da balança não preocupa porque se deve especialmente pela alta considerável no valor das importações, que em 2020 foram bem menores, somando US$ 11,9 bilhões. “A recuperação mais forte da economia no ano passado gerou um maior otimismo do empresário, que importou mais insumos para atender à demanda de produção nas indústrias”, justifica o economista. “Essa antecipação também se deve ao temor de que a escassez de alguns produtos, problemas logísticos e o avanço da variante ômicron do coronavírus pudessem atrasar a entrega destes insumos e assim comprometer o ritmo de produção nas fábricas”, explica Felippe.
Ao longo de 2021 o Paraná negociou seus produtos com 207 países. A China foi o principal parceiro internacional. Mais de 27% das negociações do estado tiveram o país asiático como destino, num total de US$ 5,2 bilhões em valores exportados. Na sequência vem os Estados Unidos, para onde foram 7,9% dos valores totais das exportações estaduais, somando US$ 1,5 bilhão; seguido por Argentina (5,1% e US$ US$ 965 milhões) e México (3,2% e US$ 612 milhões).
“Chama a atenção o crescimento de 48% nas exportações paranaenses para os Estados Unidos no ano passado”, informa o economista. De acordo com os dados divulgados, a madeira representou 64,5% da pauta de exportação para o mercado norte-americano. “Analisando apenas a venda da madeira paranaense para o exterior, o principal destino foi Estados Unidos, que representou 52,6% do total exportado pelo setor em 2021”, destaca o economista da Fiep.
Outro ponto é o crescimento das negociações com o México, que tiveram alta de 80% no ano passado. “Esse resultado é proveniente da venda de produtos automotivos, que representa 43% de tudo que é negociado para lá”, justifica. Enquanto a Argentina, principal parceiro na compra deste segmento, perdeu mercado – saiu de 39% para 23% entre 2020 e 2021-, o México ganhou espaço. Representava 15% das exportações automotivas paranaenses e chegou a quase 19%. Um crescimento de 52% de um ano para outro. “Esse comportamento pode estar atrelado à crise econômica no país portenho, o que justificaria a busca de outros destinos para os produtos paranaenses, já que Chile e Peru também tiveram substancial crescimento em participação nas exportações de produtos veiculares do Paraná em 2021: 155% e 131%, respectivamente.
Mercadorias
O principal item vendido no exterior foi soja, produto que representa 33% da pauta de exportações do Paraná. O valor total chegou a US$ 6,4 bilhões. Depois vem carnes (15% da pauta e US$ 2,9 bilhões negociados), madeira (9,7% da pauta e US$ 1,8 bilhão) e material de transporte (8,2% da pauta e US$ 1,6 bilhão).
Comparando os resultados do ano passado com os de 2020, o setor moveleiro registrou a maior taxa de crescimento em valores exportados. “Embora represente menos de 1% da pauta exportações do estado, as vendas deste produto cresceram 81% neste período”, reforça Felippe. O total chegou a US$ 179,7 milhões em 2021, contra US$ 99,6 milhões no ano anterior. Madeira também teve crescimento expressivo de 60% (US$ 1,8 bilhão), seguida por produtos mecânicos, com 47% de alta (US$ 592,1 milhões).
Um dado importante é o resultado das exportações paranaenses em 2021. Em valores, elas cresceram 17,1%, mesmo diante de uma queda de 11,6% no volume de produtos vendidos, ou seja, em quantidade de itens comercializados. Segundo Felippe, isso é reflexo do aumento na taxa de câmbio no ano passado. A variação da taxa média foi de aproximadamente 4% de um ano para outro. Passou de R$ 5,155 em 2020 para R$ 5,344 no ano seguinte. “Essa depreciação do real frente ao dólar torna o produto paranaense mais barato, com preço mais atrativo no mercado internacional, incentivando a atividade de exportação”, ressalta o economista.
Importações
Entre os itens mais comprados pelo Paraná em 2021 estão produtos químicos, incluindo fertilizantes e similares utilizados no agronegócio, com crescimento de 40% na comparação com o ano anterior. Eles somaram US$ 5,3 bilhões em valores negociados e representam atualmente 31% da pauta de importação do estado. Na sequência está material de transporte, com crescimento de 52%, num total de US$ 2,2 bilhões e respondendo por 13% da pauta. Petróleo vem em seguida, com 56% de alta em relação a 2020 (US$ 1,8 bilhão e 10,6%). E depois produtos mecânicos, que registraram 34% de aumento (US$ 1,7 bilhão e 10,2% da pauta).