As duas competidoras já protagonizaram uma disputa de final este ano. Em março, durante o Parapan-Americano de Monterrey, no México, Fabíola venceu Emma por 6 a 2 e faturou o ouro em cima da americana. A conquista do título foi o passaporte da brasileira para os Jogos Paralímpicos de Tóquio, o segundo de sua carreira.
A preparação para o Japão, contudo, foi marcada por um susto. Semanas antes de embarcar para o país asiático, Fabíola teve seus materiais de competição roubados. O crime aconteceu no final de junho, quando o treinador, o cubano Disney Machado, teve o carro roubado enquanto dirigia para Maricá, no Rio de Janeiro, cidade onde a atleta mora e treina. Apesar do desagradável imprevisto, que assustou tanto Fabíola quanto o treinador às vésperas dos jogos, ambos não desanimaram.
Machado foi o primeiro treinador de Fabíola no tiro com arco, esporte que ela começou a praticar em 2013, seis anos depois de ter sofrido uma queda de 3,5 metros que provocou lesões na coluna vertebral e comprometeu o movimento do braço esquerdo e paralisou a perna direita.
Antes do acidente, Fabíola era jogadora de vôlei e praticante apaixonada por corridas de rua. Na tradicional Corrida de São Silvestre, chegou a ficar em 34º lugar. Ela resolveu voltar para o esporte no tiro com arco por já ter familiaridade com o tiro de pistola, que praticava, embora não de forma competitiva.
Foi na modalidade que conheceu o atual treinador, com quem tem construído uma parceria de bons resultados esportivos. Fabíola é bicampeã parapan-americana e chegou a quebrar o recorde das Américas no Mundial da Holanda, em 2019. Hoje, ela é a 2ª no ranking nacional entre atletas olímpicas e a 1ª entre as atletas paralímpicas.
O entrosamento entre atleta e técnico dispensa a presença física. Por meio de chamadas de vídeo, Machado orienta virtualmente Fabíola que, de Maricá, escuta com atenção os direcionamentos do técnico que vive nos Estados Unidos.
Ela se mudou de São Paulo para o Rio de Janeiro para se dedicar exclusivamente à carreira esportiva. Em Maricá encontra-se a sede da Confederação Brasileira de Tiro com Arco, onde a paulista de 53 anos treina até nove horas por dia. Além de deixar a casa e o jardim que tanto gostava, precisou pedir demissão do Governo do Estado de São Paulo, onde trabalhava como bióloga.
Disposta a fazer um resultado melhor do que em 2016, quando ficou em 7º lugar na Paralimpíada do Rio de Janeiro, Fabíola, que sempre teve o sonho de participar de uma Olimpíada, espera cumprir a promessa que fez ao noivo, que faleceu em 2006 em um confronto com uma facção criminosa quando trabalhava como policial. “Eu prometi a ele que, se Deus me permitisse o pódio, ele subiria comigo. E eu quero mais que tudo dar esse pódio para ele. Eu vou para cima. Eu vou para cima”, afirmou, em entrevista à TV Globo, antes dos Jogos.
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