Padre Judinei Vanzeto
Nesta Quarta-Feira de Cinzas (02), a Igreja Católica abre a Campanha da Fraternidade (CF), com o tema: “Fraternidade e Educação” e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26). Com o objetivo geral de promover um diálogo sobre a realidade educativa no Brasil, à luz da fé cristã, sugerindo caminhos em favor do humanismo integral e solidário.
E os objetivos específicos de analisar o contexto da educação na cultura atual e seus desafios potencializados pela pandemia. Verificar o impacto das políticas públicas na educação. Identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã em vista de uma educação humanizadora na perspectiva do Reino de Deus. Pensar o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo, com a colaboração dos educadores e das instituições de ensino.
Também incentivar propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum. Estimular a organização do serviço pastoral junto a escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos, em especial das instituições católicas de ensino. Promover uma educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres.
No tocante ao método “Ver, Julgar e Agir”, este ano de 2022, o “Ver” será na perspectiva de escutar; o “Julgar” voltará o olhar para o discernimento e o “Agir” seguirá no caminho do propor. O desejo da equipe executiva e do que foi proposto pelos bispos tem em vista o que o Papa Francisco propõe no Pacto Educativo Global.
O ato de escutar é fundamental. Escutar é mais que ouvir. Escutar está na linha da comunicação, ouvir na linha da informação. Escutar supõe proximidade, sem a qual não é possível um verdadeiro encontro. A escuta permite encontrar o gesto e a palavra oportuna que desinstala da sempre e mais tranquila condição de espectador.
No início da introdução do Texto-base da CF lê-se que “a Quaresma é um tempo favorável para a conversão do coração”. A CF, realizada pela Igreja no Brasil desde 1964, tem como propósito ser um caminho para que os cristãos vivam a espiritualidade quaresmal com um sentido de transformação pessoal, comunitária e eclesial rumo à solidariedade a um problema concreto do país.
A realidade da educação é o problema concreto e a CF interpela a uma profunda conversão à luz da Palavra Deus. Provoca a uma verdadeira mudança de mentalidade, reorienta para uma revisão, destaca atitudes que buscam um caminho que promova o desenvolvimento pessoal integral, a formação para a vida fraterna e a cidadania.
Ainda o Texto-base “convida a todos a ver a realidade da educação em diversos âmbitos, iluminá-la com a Palavra de Deus, encontrando e redescobrindo meios eficazes que favoreçam processos mais adequados e criativos afim de que ninguém seja excluído de um caminho educativo integral que humanize, promova a vida e estabeleça relações de proximidade, justiça e paz” (n.6).
Na história das CF, este ano é a terceira vez que a Igreja no Brasil trata sobre o tema da educação. Além disso, este ano a reflexão tem por inspiração o Pacto Educativo Global para o mundo, convocado pelo Papa Francisco e conta com as contribuições do Ano da Família, conforme a Encíclica Amoris Laetitia (a “Alegria do Amor”).
O Pacto Educativo Global foi pensado pelo Papa em 2019 e convoca todas as nações para construir o futuro do Planeta, tendo presente a necessidade de investir nos talentos de cada pessoa, “porque toda mudança precisa de um caminho educativo para fazer surgir uma nova solidariedade universal e uma sociedade acolhedora”, afirmou o Papa Francisco, em mensagem para o lançamento do Pacto Educativo (12 de setembro de 2019).
Jornalista, diretor administrativo da Rádio Vicente Pallotti, gestor da Unilasalle/Fapas Polo Coronel Vivida e pároco da Paróquia São Roque de Coronel Vivida-PR