Apesar da chuva que caiu na última quinta-feira (6) em Pato Branco e boa parte da região, o Sudoeste acumula um longo período de estiagem. Conforme dados da estação meteorológica da unidade do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), a precipitação acumulada no último trimestre foi de 85 milímetros, muito abaixo dos 500 milímetros mínimos esperados para o período.
Ainda segundo os dados da estação, em fevereiro choveu 22 milímetros, em março 60 milímetros e em abril apenas 3 milímetros, o menor volume de chuvas já registrado em um mês, desde o início do monitoramento, em 1974.
Para o setor agropecuário, a falta de chuvas já está significando perdas elevadas de produtividade, principalmente nas lavouras de segunda safra, como feijão e milho.
De acordo com Ivano Carniel, técnico do Deral/Seab, as estimativas de produtividade para a cultura do feijão nos 15 municípios da microrregião de Pato Branco estavam entre 120 e 130 mil toneladas. Por conta da situação climática, essa estimativa já foi reduzida para 80 a 90 mil toneladas, uma queda de 30% a 35%.
A diminuição pode representar um impacto significativo, pois segundo Carniel, as lavouras produzidas neste período na região costumam representar cerca de 26% de toda a oferta de feijão no Paraná.
Para a cultura do milho a expectativa era de uma produção de 480 a 520 mil toneladas. Porém, as novas estimativas preveem uma produtividade de 330 a 370 mil toneladas, o que pode significar uma queda de até 35% na produção.
Leite
A falta de chuvas também está causando impactos na atividade leiteira. Segundo Carniel, muitos produtores não conseguiram realizar o plantio de aveia, e as lavouras que foram plantadas no fim de março não alcançaram o desenvolvimento adequado.
Isso está causando uma queda na oferta de pastagem para o gado leiteiro, o que consequentemente também afeta a produtividade do leite. “Os laticínios da nossa região já acusam uma diminuição na captação do leite com relação ao mês passado em torno de 10% a 15%”, informou o técnico.
Por conta da dificuldade de fazer silagem, e consequente redução da produção de leite, muitos produtores diminuíram seu rebanho, destinando animais para o abate, ou mesmo abandonaram a atividade leiteira.
Perspectiva
Carniel comenta que esses números e percentuais foram obtidos com base em informações coletadas na semana passada. Na próxima semana a colheita do feijão deve ser acelerada, o que permitirá uma análise ainda mais aprofundada da situação. Porém, a perspectiva é de que a situação seja ainda menos animadora.
“Essas primeiras áreas de feijão a serem colhidas devem ter uma produtividade um pouco melhor, pois foram plantadas um pouco mais cedo, então o período de estiagem não atingiu elas em cheio. Seguramente esse volume de produção deva ser somente a metade”, estima o técnico, ao considerar toda a colheita.
Ou seja, de 120 mil a 130 mil das estimativas iniciais, a estiagem deve gerar uma safra de 60 mil a 70 mil toneladas na microrregião de Pato Branco.
Com relação ao milho, as perdas também devem ser maiores. “Também estamos apostando que o volume de produção que a gente esperava colher inicialmente deva se reduzir pela metade. Se não for pior”, completa.
Previsão
Segundo informações do Simepar, os próximos dias devem seguir secos na região de Pato Branco. Nos próximos 15 dias, a previsão é de chuvas apenas nos dias 12 e 14 de maio, sendo que no dia 14 a previsão é de apenas pancadas de chuva. Para o restante do período a previsão é de sol.
Outro fator que pode impactar o setor agropecuário são as quedas de temperatura, o que aumentam as chances de geada, prejudiciais para as culturas agrícolas.