Produtores da região de Pato Branco enfrentam desafios na safra de feijão deste ano, com uma série de fatores impactando a produção e os preços. Problemas históricos com a cigarrinha no milho safrinha e a reação dos preços em comparação ao milho, levaram os agricultores a optarem pelo feijão, cujo ciclo de cultivo é mais curto. Isso resultou em um aumento significativo na área cultivada com feijão, substituindo parte da safrinha de milho.
Entretanto, a produção de feijão enfrentou diversos obstáculos, incluindo chuvas irregulares e a incidência da bactéria curtobacterium, afetando a qualidade e produtividade das plantações principalmente do feijão carioca. Em contrapartida, o mercado está sob pressão devido ao excesso de oferta do feijão preto, o que leva os preços do feijão a níveis historicamente baixos reduzindo de forma preocupante a rentabilidade.
Na avaliação do presidente do Sindicato Rural de Pato Branco, Sinauri Bedin, o mercado, contudo, não deverá sofrer com desabastecimento, uma vez que apesar da eventual redução da produtividade, o aumento da área plantada deverá compensar. “Tivemos um aumento de área plantada em nossa região, e mesmo com os problemas de pragas estamos colhendo de uma forma geral uma produtividade relativamente boa. O que pode ocorrer será uma perda maior em qualidade que em quantidade”, analisa Bedin.
Exportações
Além disso, Bedin lembra que algumas empresas da região estão buscando soluções como a abertura de novos mercados de exportação para aliviar o excesso de oferta no mercado interno. Essa estratégia pode ajudar a estabilizar os preços no futuro, embora a situação atual represente um desafio para os produtores locais. Com a colheita já em andamento, estima-se que cerca de 15 a 20% da safra já tenha sido colhida, e com perspectiva de um volume consistente nas próximas semanas, espera-se que em breve seja possível uma análise mais factível do mercado. O que é certo é que a qualidade do feijão colhido deverá ser afetada pelos problemas enfrentados durante o ciclo de cultivo.
O diretor de Operações e gerente Regional da Coopertradição, Nédio Tonus, explica que historicamente dominante na região, o feijão carioca viu sua participação no mercado cair de 60% para 35%, enquanto o feijão preto aumentou para 65%. Esta inversão repentina, combinada com a baixa qualidade do feijão carioca devido a doenças fatores climáticos, sobretudo nos últimos trinta dias, resultou em uma queda drástica nos preços, que atualmente variam entre 160 e 200 reais por saca, muito abaixo da expectativa de 300 reais.
Já o feijão preto, menos afetado por doenças e com área cultivada maior, que esperava-se tivesse os preços impactados para baixo com alta oferta, teve os preços estabilizados por conta da oportunidade oferecida pelo mercado internacional. Tonus salienta que o mercado internacional excepcionalmente, está desempenhando um papel crucial nesse momento. A Argentina atrasou seu plantio, retardando a colheita em 30 dias e permitindo que o Brasil ocupasse este espaço e exportasse uma quantidade maior de feijão preto. Esta oportunidade de exportação ajudou a manter os preços no mercado interno, proporcionando algum alívio aos produtores. “Assim, nós conseguimos exportar e manter o preço. Então se abriu um leque para o feijão preto com o atraso da Argentina no mercado. Tivemos uma procura maior aqui para exportação porque os navios estavam nomeados até o Porto Rio Grande. Então, a gente conseguiu hoje na cooperativa definir um volume de mil e quinhentas toneladas mediante alguma adaptação, e fazer essa entrega, uma vez que ela tem uma logística muito boa, até o Porto do Rio Grande dentro desse curto espaço de tempo”, complementa Tonus. “
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