FIDC Agro Paraná recebe R$ 261 milhões em aporte inicial

O Fundo de Investimento Agrícola do Paraná (FIDC Agro Paraná), primeiro do tipo criado por um governo estadual no Brasil, recebeu nesta terça-feira (17) seu aporte inicial de R$ 261 milhões. A operação foi formalizada pela Fomento Paraná, responsável pela estruturação do fundo, em parceria com a cooperativa C.Vale e o Sicredi.

Lançado em abril na B3, em São Paulo, o FIDC Agro Paraná foi idealizado pelo Governo do Estado do Paraná com o objetivo de alavancar até R$ 2 bilhões em investimentos rurais estruturantes. O fundo busca fomentar o cooperativismo agrícola, modernizar a produção e aumentar a renda de produtores, especialmente pequenos e médios.

“É um marco para a agricultura do Paraná e do Brasil. Pela primeira vez, um estado lidera a criação de um fundo de crédito rural com gestão profissional, focado no produtor. O objetivo é oferecer financiamento acessível, com juros mais baixos que o Plano Safra e prazos de até 10 anos”, afirmou o governador Ratinho Junior.

Investimento inicial e aplicação

O valor inicial de R$ 261 milhões será destinado à construção de 96 aviários, tanques de piscicultura sustentáveis e matrizeiros para reprodução de aves. Os recursos são compostos por:

  • R$ 52 milhões da Fomento Paraná
  • R$ 112,8 milhões da C.Vale
  • R$ 96,2 milhões do Sicredi

A Suno Asset é a gestora responsável pela administração do fundo. A Fomento Paraná atua como cotista sênior, oferecendo estabilidade à operação.

Crédito rural com inovação financeira

De acordo com Alfredo Lang, presidente do Conselho de Administração da C.Vale, o FIDC representa um avanço histórico na relação entre o mercado financeiro e o setor produtivo.

“Essa emissão não é apenas uma inovação financeira. É uma nova fonte de crédito mais previsível e sustentável para nossos produtores integrados, com foco nas cadeias de frango, suínos e peixes.”

O fundo oferece juros equivalentes aos do Plano Safra, e se posiciona como alternativa complementar ao crédito rural federal, cuja demanda costuma superar a oferta. Os recursos são voltados exclusivamente para investimentos de capital, como compra de máquinas, estruturas, armazenagem e transporte — sem cobertura para custeio de safras ou aquisição de terras.

Expansão e novos projetos

A Fomento Paraná já trabalha na estruturação de novos fundos com outras cooperativas e agroindústrias, com projetos em análise que somam mais de R$ 1 bilhão. Só a C.Vale deve aplicar R$ 375 milhões até o final de 2025 em projetos financiados pelo FIDC.

“Estamos conectando cooperativas, o governo estadual e o mercado financeiro em um modelo inédito de crédito rural estruturado. O Paraná mais uma vez sai na frente com uma solução ágil, técnica e voltada ao desenvolvimento do agro”, destacou o presidente da Fomento Paraná, Claudio Stabile.

Segundo Stabile, o foco inicial são cooperativas integradoras com estrutura robusta, como a C.Vale, mas a ideia é expandir para outras organizações da cadeia agroindustrial.

“Queremos pulverizar o acesso ao crédito de investimento, sempre com critérios técnicos e de governança”, afirmou.

Estrutura do FIDC e funcionamento

O FIDC Agro Paraná funciona como uma plataforma financeira colaborativa, onde cooperativas, bancos, empresas e o governo aplicam recursos em um fundo coletivo. Os cotistas são remunerados com base no retorno dos financiamentos concedidos, e os produtores acessam crédito com menos burocracia, juros reduzidos e prazos estendidos.

As cooperativas estruturam os projetos e avalizam os financiamentos, assumindo papel ativo na ponte entre o fundo e os produtores. O modelo é considerado mais próximo da realidade do campo, diluindo riscos e garantindo agilidade nas liberações.

“Estamos oferecendo crédito com carência, segurança e mercado garantido. Isso fortalece toda a cadeia agroindustrial e ajuda o Paraná a consolidar sua posição como motor da economia brasileira”, avaliou o secretário estadual da Agricultura, Márcio Nunes.

Solidez fiscal viabiliza operação

O secretário da Fazenda, Norberto Ortigara, destacou que a saúde fiscal do Paraná foi essencial para viabilizar o fundo.

“O Estado tem equilíbrio financeiro e capacidade de investimento. Essa solidez permite estruturar operações inéditas como o FIDC Agro Paraná, conectando o setor público ao capital privado com eficiência”, afirmou.

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