De acordo com delegada da mulher esse tipo de violência doméstica é bastante comum na região
No fim da tarde de segunda-feira (26), a Polícia Militar do município de São João prendeu um jovem de 21 anos de idade, acusado de violência doméstica contra a mãe, já idosa.
De acordo com o relatório de imprensa emitido pelo 3º Batalhão da Polícia Militar (BPM), o filho é usuário de drogas e havia solicitado a mãe uma quantia em dinheiro para comprar as substâncias. “Diante da negativa, passou a agredi-la com socos e chutes, vindo a causar lesões em diversas partes do corpo. A vítima foi encaminhada à UPA para atendimento médico”, informou o relatório.
À reportagem do Diário do Sudoeste, soldado da PM que atua no destacamento em São João, disse que o autor das agressões contra a mãe tem problemas psicológicos.
A senhora, que teve alguns ferimentos mais sérios no ouvido, saiu do hospital ainda na segunda à noite e já está sendo atendida pela assistência social do município.
Segundo a secretária de Promoção Social e Direitos Humanos de São João, Simone Minozzo Strapazzon, após audiência com juiz, na tarde de ontem (27), o filho foi liberado, uma vez que a agressão contra a mãe não foi considerada grave.
“A mãe não está bem psicologicamente por isso encaminhamos ela para a Secretaria de Saúde. À tarde, retornou conosco para atendimento de como proceder agora que o filho foi liberado. Ela não quer medida protetiva. Mas, o juiz determinou que ele não se aproximasse, por isso, que o atendimento nesse momento é intenso”, explicou Simone.
Violência doméstica na região
Franciela Alberton, delegada da Delegacia da Mulher, explica que ocorrências de filhos batendo em mães é bastante comum na região Sudoeste.
Segundo ela, as agressões ocorrem, na maioria das vezes, porque os filhos são usuários de droga ou alcoólatras. “Eles ingerem essas substâncias, perdem totalmente o controle e acabam agredindo a mãe”, explica.
A delegada conta que nesses casos, em que o filho bate na mãe, não se pode dizer que a agressão ocorre especificamente por ela ser mulher, ou seja, não é uma violência de gênero. No entanto, levando em conta que a maioria das vítimas são vulneráveis perante o agressor, seja por sua estrutura física quanto por sua idade, aplica-se a Lei Maria da Penha.
“Normalmente o filho é muito maior e a vítima já tem uma idade avançada. Nesses casos em que conseguimos constatar a vulnerabilidade perante o agressor enquadramos a Lei.”
Ciclo sem fim
Conforme Franciela, na maioria dos casos em que a mãe procura a polícia na busca por uma medida protetiva contra o filho, os casos não vão até o fim no tribunal. Isso porque, segundo a delegada, dias após denunciar, elas voltam atrás e afirmam não querer continuar com o processo.
“Para a mãe, o problema do filho é a bebida e a droga. Então, ela quer um tratamento para esse vício, pois, acredita que curando isso ele vai parar de praticar as violências. Na grande maioria dos casos a mãe volta atrás e retira a queixa e pouco tempo depois volta a fazer um novo boletim ou aciona a Polícia Militar, que faz a prisão do agressor”, conta a delegada ao explicar que esse tipo de ocorrência é como um ciclo vicioso, que nunca acaba, sempre se repete.
Atendimentos a vítimas de violência doméstica em São João
No município, a secretária de Promoção Social e Direitos Humanos oferece atendimentos individuais e em grupos a mulheres vítimas de violência doméstica. No entanto, com a pandemia, o acolhimento tem acontecido somente de maneira individual.
Quando necessário, também é disponibilizado às vítimas o atendimento psicológico, através da Secretaria de Saúde, e o acesso a serviços e programas socioassistenciais.
Mulheres podem acionar o sistema de atendimento pelo número (46) 3533-2743 ou (46) 99115-1202, que também é WhatsApp e aceita ligações a cobrar.