Filipe, modelo de catequista!

Dom Edgar Xavier Ertl*

No último domingo de agosto celebramos, na Igreja do Brasil, o Dia Nacional do Catequista. Nossa reflexão catequética, neste artigo, inspira-se no encontro de Filipe com o Eunuco Etíope. Vejamos que experiência profunda de catequese nasceu durante a viagem. No Livro dos Atos dos Apóstolos (cf. At 8,26-40), encontramos o diálogo de Filipe e o Eunuco Etíope. Felipe viaja de Jerusalém a Caza, a pedido do anjo. Aqui podemos imaginar Filipe como missionário itinerante, em busca de novas pessoas a evangelizar. As iniciativas da missão eram de Deus, seja por meio de um anjo ou do próprio Espírito. Essa estrada escolhida era pouco movimentada. Aconteceu que um Eunuco Etíope, estrangeiro, ministro das finanças e administrador dos bens da rainha Candace, que voltava da peregrinação ao templo de Jerusalém, sentado em sua carruagem e lendo o profeta Isaías. Lia-o em alta voz num pergaminho comprado durante a peregrinação à cidade Santa.

Às pressas, Filipe o alcançou e indaga-o quando ouve o texto de Isaías (cf. Is 52,13-53,12), pois ele o teria escutado várias vezes nos ofícios sinagogais da sua terra: “Entendes o que estás lendo?” (v. 30). O viajante Eunuco responde espontaneamente: “Como vou entender, se ninguém me explica?” (v. 31). E o convidou a subir e sentar junto dele. Filipe pergunta olhando ao texto: “de quem fala o profeta? De si mesmo ou de outro?” (v. 34). O Eunuco compreendia o sentido material do texto, mas não sabia identificar o personagem de quem se fala, ou seja, não consegue entender o que lê. Era-lhe incompreensível tal texto.

 

“O que impede de me batizar?”

Filipe tomou a palavra e, começando por esse texto, explicou-lhe a boa notícia de Jesus, segundo as Escrituras. “Explicar” significa “guiar”, “encaminhar”, ou seja, mostrar novos caminhos aos desconhecidos. O catequista Filipe ofereceu ao estrangeiro Eunuco uma aula bíblica sobre a Páscoa de Jesus, sua morte e ressurreição, ou seja, fez-lhe uma catequese bíblica sobre a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A catequese de Filipe ressoou profundamente no coração do viajante, que num certo lugar da caminhada, em que havia água o Eunuco, com uma expressão modesta pede o batismo missionário: “Aí existe água. O que impede de me batizar?” (v. 37). Filipe ficou extasiado e entendeu tal pedido como coisa de Deus, do seu Espírito.

Não havia impedimento de que Filipe batizasse o peregrino que lia o profeta Isaías sentado confortavelmente em sua carruagem, unicamente                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 pelo fato de ser africano, ser eunuco – castrado –, morar numa corte real. Além disso era culto, simpatizante da religião judaica, embora não circuncidado. A carruagem parou próxima do riacho. Desceram-na. Felipe batizou o Eunuco. Quando saíram da água, o Espírito arrebatou Filipe, de modo que o Eunuco não o viu mais; e continuou sua viagem muito contente (cf. v. 39). Como efeito e sinal da vida nova, o homem batizado sente “alegria” pelo encontro através de Filipe com Jesus Cristo e seu projeto.

E neste encontro com Jesus Cristo, o recém-batizado percorre a região anunciando a boa notícia em todos os povoados até Cesaréia (cf. v.40). Não conhecemos o nome deste Eunuco; talvez seu nome seja “multidão” dos que já foram catequisados em nossas comunidades e noutros ambientes insólitos, como nesse caso, durante uma viagem, sentados numa carruagem, um retorno de peregrinação ao Templo, e por um catequista, um desconhecido missionário itinerante, mas que soube anunciar Jesus Cristo com criatividade e ousadia. A leitura feita em alta voz pelo eunuco também ressoou no ouvido e no coração do missionário-catequista Filipe: “Entendes o que estás lendo?”.

Enfim, o catequista é o “acompanhador e educador”. Um especialista na “arte de acompanhar”, um “perito em humanidade” a exemplo de Filipe. Parabéns aos 3.793 catequistas da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, anunciadores de Jesus Cristo.

*Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão

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