“São duas disciplinas diferentes, a música foi a ferramenta mais viável para mim no início deste sonho todo, o de ser um artista de expressão no Brasil. Ano que vem faz 20 anos do lançamento do filme Cidade de Deus, em que tive uma participação mais presente na produção cinematográfica. Depois disso tive muitas oportunidades no cinema de fazer filmes com diretores como Wes Anderson e tantos outros nomes, não parei mais de me relacionar com esse universo. É um presente muito grande fazer parte desse seleto grupo de integrantes da sétima arte”, conta com orgulho.
Sob direção de Wagner Moura, com Adriana Esteves e Bruno Gagliasso no elenco, Marighella tem foco nos cinco últimos anos da vida do personagem que é tido como um dos principais organizadores da luta armada contra a ditadura militar brasileira. O longa teve estreia mundial no Festival de Berlim de 2019, quando foi aclamado e aplaudido de pé pela audiência e agora chega ao Brasil mostrando toda a potência de Seu Jorge como ator, que se entregou ao personagem para trazer ainda mais verdade às telas.
“Todo filme traz uma especialização nova, uma reflexão sobre alguém, mas sempre com muito respeito e sem julgamento. Quando contamos a vida de um personagem, vivemos uma experiência que nos capacita muito. O filme acende uma história do Brasil que foi apagada. Me ative ao roteiro e tive o prazer de trabalhar com o Wagner Moura, um líder magnético, conheci grandes diretores, mas dele sou muito fã.”
HUMILDADE
Seu Jorge conta sobre a diferença entre cantar e atuar, ressaltando a colaboração em rede para que um filme aconteça. “Na música, para estar no palco, tenho muita gente que me ajuda – iluminação, cenário e tudo mais -, mas quando eu estou lá sou eu e o público, no cinema é diferente. Primeiro a obra e depois a arte. Você tem de ter uma humildade muito grande. Entendo esse sentido no cinema como um facilitador, sou uma esponja e tendo a absorver a responsabilidade, na dinâmica do cinema aprendi a confiar na expertise dos meus pares, atuar, fazer a minha parte e entregar, é um jogo coletivo muito bonito”, reflete.
PIXINGUINHA
Além de Marighella, o artista também é protagonista de Pixinguinha – Um Homem Carinhoso, cantor e compositor considerado o pai da música popular brasileira. “Fazer o personagem e entendê-lo foi ainda mais desafiador, pois ele era um homem sem conflitos. Ele foi uma criança negra que teve como base de sua criação o amor, o afeto e a alegria, nunca foi alguém de briga. Em comum temos o respeito pela música, pelo tempo que ela nos dedica e a quem reverenciamos com gratidão”, completa.
O cantor, compositor e ator se transforma a cada novo papel em que empresta sentimentos para viver os de outra pessoa em uma constante renovação. “Aos 51, estou no primeiro ano da minha segunda juventude, reaprendendo e optando por novos caminhos.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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