O diretor-geral da empresa no Brasil, Eduardo Prota, se apoia na ideia de que a primeira geração de fintechs serviu para democratizar o acesso às ferramentas financeiras. Agora, faltam aquelas empresas que vão ajudar os brasileiros a cuidar melhor do seu dinheiro. “O acesso aos produtos financeiros ficou fácil, mas o aconselhamento segue difícil”, afirma.
Prota, no entanto, afirma que apenas criar conteúdo não é o suficiente. Por isso, a empresa quer importar ferramentas da operação internacional. Uma das grandes apostas é o “Spaces”, que consiste em criar uma conta compartilhada entre as pessoas.
O executivo dá o exemplo da funcionalidade em um churrasco: basta um usuário criar uma subconta, inserir outros amigos, e todos passarão a ter acesso aos gastos e à arrecadação, assim como a divisão do montante entre os participantes.
Além disso, o N26 explora algumas ferramentas já vistas em outras fintechs por aqui, como cashback, e outras novas, como antecipação de salário em dois dias.
O N26, ao contrário de grande parte dos bancos digitais, não quer ser um banco inteiramente gratuito. Ele oferecerá o básico de graça, mas vai adotar o modelo “freemium”. Ou seja, para usar algumas ferramentas, o cliente terá de pagar. No Brasil, segundo Prota, ainda não há valores definidos, mas na Europa os clientes chegam a pagar até 20 por mês.
Os investidores apostam que o modelo pode dar certo. Em outubro, a companhia recebeu um aporte de US$ 900 milhões, o que fez a empresa ser avaliada em US$ 9 bilhões, se tornando o segundo banco mais valioso da Alemanha.
PANDEMIA
A estreia no País foi atrasada em dois anos. A N26 havia planejado a chegada ao mercado brasileiro entre 2019 e 2020, mas, com a pandemia, os alemães pisaram no freio. O time de 15 pessoas foi dispensado na época, e Prota ficou cuidando mais da burocracia.
Um dos passos dados nesse período foi a obtenção da licença de Sociedade de Crédito Direto do Banco Central. Mas, como a empresa tinha aberto um pré-cadastro naquela época, atualmente já existe uma base de 200 mil pessoas na fila para ter uma conta.
Para o professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, a entrada de mais um concorrente forte no Brasil é boa para o consumidor e mostra que ainda há espaço para mais disputas. “A briga está muito no início e, com o seu modelo, o N26 tende a pegar um cliente um pouco mais sofisticado do que os concorrentes”, diz Nakagawa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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