Nos últimos anos, as consequências dos fogos com estampido tem ganhado espaço no debate público, principalmente próximo a virada do ano. O barulho causado pelos fogos de artifício trazem prejuízos para pessoas como para o meio ambiente, tanto que o uso desse tipo de artefato foi proibido por lei em vários municípios, como Pato Branco.
Entre os grupos afetados pelo barulho excessivo estão pessoas com deficiência, especialmente os autistas. De acordo com Patricia Piazza Rossi, coordenadora do Departamento de Educação Especial do Município de Pato Branco, por possuírem hipersensibilidade sensorial, o barulho pode gerar estresse e desconforto em pessoas autistas.
“Como os autistas têm uma sobrecarga de sentidos, isso pode causar até comportamentos agressivos, tanto para o próprio autista como para o convívio dele. Porque eles tem dificuldade em expor o que estão sentindo, e por conta dessa sobrecarga eles acabam tendo esses comportamentos”, completa a profissional.
O mesmo também pode acontecer com estímulos luminosos. Porém, a exposição a luzes cintilantes, como a dos fogos, é uma situação mais facilmente contornável do que dos estampidos, analisa Patricia.
Outras pessoas com sensibilidade auditiva também podem ser prejudicados por conta do barulho excessivo causado por fogos de artifício. Segundo informações da Unimed de São Paulo, o som alto causa estresse em crianças, idosos e pessoas hospitalizadas, além de haver risco de ataque epilético, cardíaco e desnorteamento.
Também há o alerta para o risco de acidentes causados pelo manuseio inadequado dos fogos. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 7 mil pessoas sofreram lesões decorrentes do uso de fogos de artifício no período de 2007 a 2017; sendo 70% queimaduras; 20% lesões com lacerações e cortes; e 10% amputações de membros superiores, lesões de córnea, lesão auditiva e perda de visão e de audição.
Meio ambiente
Os animais de estimação também são prejudicados pelo barulho excessivo de fogos de artifício. O estresse gerado pelo som pode causar até a morte de cães, gatos, aves domésticas e até animais silvestres.
Em entrevista a Rádio Senado, a médica veterinária Ludmilla Humig conta que é comum animais chegarem as clínicas com crises convulsivas ou infartando. Também há as causas secundárias, como cortes, traumas e outras lesões causadas pela tentativa de fuga do animal assustado.
Lei
Em Pato Branco, soltar fogos de artifício sonoro é proibido por lei (Nº 5.627) desde dezembro de 2020. Segundo matéria publicada pelo Diário no início desta semana, quem for flagrado utilizando ou manuseando este tipo de artefato será multado em até 100 UFM (Unidade Fiscal do Município), o que pode gerar multa de até R$ 4,2 mil. Em caso de reincidência o valor pode ser dobrado.
“A fiscalização ocorre a partir de denúncias e registros de moradores, pois o ato de soltura é muito rápido, inviabilizando a identificação se não for por registros fotográficos”, disse na ocasião a secretária municipal de meio ambiente, Keli Starck.
As denúncias podem ser feitas pelo Fala Cidadão (156), em horário comercial. A secretária orienta para que o denunciante faça o registro em foto ou vídeo, e informe o endereço completo do local da denúncia.