Pesquisa dos EUA, que avaliou mais de 50 mil adolescentes, mostra que o consumo de vape abre caminho para jovens adquirirem outros vícios.
Por Gabriela Cupani
Fumar cigarros eletrônicos aumenta o risco de consumir maconha ou álcool em excesso, revela um estudo americano feito na Universidade Columbia e publicado no periódico científico Substance Use and Misuse.
A pesquisa avaliou dados de mais de 50 mil jovens entre 13 e 18 anos que participaram da enquete Monitoring the Future, aplicada pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, que acompanha a prevalência do consumo de álcool e drogas em adolescentes. As perguntas abordavam o consumo de nicotina, tanto em cigarros convencionais quanto eletrônicos, maconha e álcool nos 30 dias anteriores.
Enquanto aqueles que fumavam cigarros comuns tinham cerca de 8 vezes mais risco de usar maconha, o vape aumentou esse risco em mais de 20 vezes. O hábito de fumar cigarro eletrônico também multiplicou por cinco a probabilidade de um episódio de abuso de álcool no mesmo período.
“Sabe-se que o uso de drogas se inicia com substâncias consideradas mais ‘leves’ e vai crescendo para as mais pesadas”, diz a psiquiatra Jackeline Giusti, do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). “Os resultados da pesquisa mostram que o vape também pode ser considerado uma porta de entrada para outras drogas.”
Uso crescente
No Brasil, a venda, a importação e a publicidade dos cigarros eletrônicos são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, o consumo de vape vem aumentando no país pois o produto é facilmente comprado pela internet. “Ele tem um apelo de que seria menos prejudicial, tem sabores, é feito para atrair o público jovem”, diz Giusti.
No entanto, estudos sugerem que ele causa as mesmas doenças que o cigarro comum, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica, além de aumentar o risco de lesões agudas no pulmão e danos cardiovasculares a longo prazo.
“O adolescente não consegue prever consequências e não se consideram viciados, sempre acham que podem parar de usar quando quiserem”, diz a especialista.
Por isso, é preciso ajudá-los a se informar corretamente, dificultar o acesso ao cigarro – seja limitando saídas ou dinheiro – e sempre supervisionar suas atividades e companhias de perto, orienta a psiquiatra. Para os autores do estudo, é preciso planejar intervenções e campanhas para reduzir o uso do cigarro eletrônico.
Fonte: Agência Einstein
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