Elaine, de 38 anos, será a única árbitra brasileira na ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Para viajar ao Japão no próximo dia 19, ela precisou de uma autorização especial com base na Lei Pelé e no Estatuto do Servidor, que liberou o seu afastamento temporário da Delegacia Especial da Receita Federal de Pessoas Físicas, onde trabalha em São Paulo.
Por alguns dias, Elaine vai deixar a equipe que fiscaliza principalmente declarações de Imposto de Renda para fiscalizar o desempenho das atletas na Olimpíada. Em Tóquio, sua função será conferir e dar nota à execução dos movimentos das ginastas durante as apresentações.
Para entender como uma analista tributária da Receita Federal foi parar nos Jogos Olímpicos é preciso voltar no tempo. Para ser mais exato, 32 anos atrás. “Desde que eu me conheço por gente estou envolvida com a ginástica. Minha mãe me levou com seis anos para fazer um teste no Centro Olímpico e, desde então, a ginástica faz parte da minha vida. Fui atleta até os 16 anos, quando prestei vestibular para Educação Física e fiz o meu primeiro curso de árbitra”, conta Elaine.
Depois de trabalhar como treinadora por um tempo, Elaine resolveu mudar de carreira. Mas nem tanto. “Parti para o concurso público. Trabalhei no banco Nossa Caixa, no Tribunal Regional Federal e desde 2014 estou na Receita Federal. A ginástica, no entanto, é muito forte e importante para mim, não tem como me afastar. Por isso, continuei trabalhando como árbitra nas competições aos fins de semana.”
Ano a ano Elaine foi ganhando espaço na arbitragem da ginástica artística. Ela começou a sua trajetória em competições regionais e estaduais, depois foi para torneios nacionais e, na sequência, para campeonatos internacionais. Após atuar como árbitra assistente nos Jogos do Rio, em 2016, acabou tendo papel de destaque em várias competições internacionais como, por exemplo, os Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, em 2018.
“Tanto na Receita Federal quanto na ginástica é preciso estar atualizada, estudando o tempo todo. Para me manter como árbitra internacional tenho que, a cada quatro anos, fazer um curso e passar por uma prova. Com relação ao meu trabalho na Receita, estou fazendo a minha segunda pós-graduação em Direito Tributário porque a legislação está em constante mudança e nós temos de estar atualizados”, conta.
A quantidade de provas que Elaine trabalhará nos Jogos Olímpicos de Tóquio depende do desempenho da equipe brasileira de ginástica artística. Isso porque o regulamento a impede de atuar em finais com atletas do País. E seu palpite é que o Brasil pode sim conquistar medalhas em Tóquio.
“A Flávia Saraiva e a Rebeca Andrade têm grandes possibilidades de chegar às finais. Podem conseguir excelentes resultados, como já obtiveram em outras competições, e brigar por medalha com chances reais de pódio”, aposta. Já com relação ao seu próprio desempenho em Tóquio, ela é mais modesta. “Quero fazer o meu melhor, aplicar tudo que estudei nos últimos anos e ser a mais justa possível.”
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