Segurar o torcedor acordado na madrugada não será fácil. As atrações esportivas ainda têm um outro problema: a falta de público nas arenas. Quando os estádios e os ginásios estão lotados, com torcedores animados e de toda parte do mundo, há muito mais interesse em ficar diante da TV acompanhando a festa. Não será assim em Tóquio, como todos sabem. O Comitê Olímpico Internacional (COI), com seus pares na organização do evento, decidiu tirar o público de cena por causa da pandemia. Isso que dizer que as imagens e o som vindos das provas não serão como nas outras edições. O foco, portanto, será no atleta, seus gestos e suor.
O esporte mundial conviveu com isso durante os últimos quinze meses, com o silêncio dos estádios e das arenas, principalmente no futebol, mas também em outras modalidades. Tóquio não quis correr riscos.
Segundo Renato Ribeiro, diretor de conteúdo do Esporte da Globo, essa edição da Olimpíada será multiplataforma. “A edição já nasce histórica por todo seu contexto. Veremos nos atletas a representação da resiliência, superação, emoção, força de vontade, da própria união dos povos em um tempo tão difícil. Mas são muitos os desafios, de saúde, logísticos e de tecnologia”, diz. “Os desafios impostos pela pandemia são grandes. Nosso desafio é que não causem impacto na qualidade da entrega de conteúdo”, diz.
A pandemia provocou uma mudança de rumo na cobertura do Grupo Globo. A primeira delas foi reduzir o número de profissionais em Tóquio, credenciando apenas um time imprescindível para realizar a cobertura in loco: 53, mas com quase 500 profissionais no total, incluindo os que ficaram no Brasil. Outra mudança sensível foi tirar o projeto do estúdio na Baía de Tóquio e levá-lo para o Rio de Janeiro, a mais de 18 mil quilômetros de distância.
“A ideia é que o público se sinta em Tóquio. Será um estúdio com tecnologia, com quase 80 metros quadrados de telões de LED em uma amplitude de 270º. Usaremos realidade virtual e teremos três câmeras na sede dos Jogos, transmitindo ao vivo imagens para o estúdio. Quando for noite no Japão, é essa a imagem que o público verá. Não vamos dizer que estamos em Tóquio, mas o estúdio será uma janela virtual para termos a sensação de estar lá”, revela.
O Grupo Globo vai ter muitos comentaristas. Se antes da pandemia a quantidade era mais limitada, por custos de viagem e número de credenciais, agora esses especialistas poderão participar da cobertura no Brasil mesmo. “Convidamos mais de 100 ex-atletas de 50 modalidades olímpicas para estarem na cobertura”, diz Ribeiro.
COBERTURA OLÍMPICA – Outra opção para o telespectador será o BandSports, que foi fundado em 2002 e vai para sua quinta Olimpíada consecutiva. É canal fechado. Até por isso, o investimento tem sido grande para fazer uma ótima cobertura. “O desafio é poder levar para o assinante o que de melhor estiver acontecendo na madrugada. Por causa do fuso horário, precisamos fazer uma programação jornalística que seja atraente para segurar o telespectador ao longo do dia também”, diz Denis Gavazzi, da BandSports.
Nesta semana, a emissora virou um “canal olímpico”, com toda a programação voltada para os Jogos de Tóquio. Nomes como o ex-jogador de futebol Neto (que foi prata nos Jogos de Seul, em 1988), Henrique Guimarães (judô) e Marcelo Negrão e Fofão (vôlei) estão entre seus comentaristas. “É um time muito forte”, diz Gavazzi.
A meta do BandSports é ter 24 horas de Olimpíada por dia, sendo metade delas com transmissões ao vivo e a outra parte com programas de análise e notícias.
A TV Globo terá mais de 200 horas de transmissões, enquanto o assinante do SporTV, com quatro canais voltados para os Jogos, estarão 840 horas no ar.
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