Pato Branco registra em média de cinco a seis acidentes com coletores de lixo ao ano; descarte incorreto do lixo e má colocação das lixeiras são alguns dos motivos que levam aos incidentes
“O pessoal não está nem ai. Julgam como se nós não fossemos seres humanos. Pegamos o lixo deles, mas, mesmo assim, somos tratados pior do que cachorros de rua”, desabafa Edinei Pedro Alves, gari coletor de caminhão há 13 anos em Pato Branco.
No dia 20 de maio, Alves recolhia o lixo no Centro de Pato Branco, próximo a praça Presidente Vargas, quando foi surpreendido com cacos de vidro — o descarte incorreto de alguém da região ocasionou em dez pontos na mão do gari e 7 dias de atestado (Alves retornou a suas atividades na manhã de ontem (27).
Segundo ele, naquele momento, a coleta deveria ser somente do lixo orgânico. “Na hora que peguei o pacote de lixo já cortou a luva e a mão. Era um copo com as pontas quebradas viradas para cima”, contou.
Como explica o gari, encontrar cacos de vidros descartados de maneira errada faz parte da rotina dos profissionais que cuidam da limpeza do município. “Acontece diariamente. Praticamente todos os meus colegas de trabalho já se machucaram por situações assim.”
Para a secretária de Meio Ambiente, Keli Starck, o descarte correto de vidros quebrados é necessário para garantir a segurança dos garis. “Eles desempenham uma atividade fundamental em nossa sociedade. Assim, devemos descartar nossos resíduos com zelo e respeito ao trabalho desses profissionais. Quando os materiais são embalados adequadamente, o transporte passa a ser facilitado e a segurança dos trabalhadores da coleta é aumentada. Por isso, é necessário que a população seja consciente durante os descartes.”
Acidentes com garis em Pato Branco
De acordo com o diretor do Departamento de Limpeza Pública do município, Carlos Henrique Ribeiro de Trindade, são registrados em Pato Branco de cinco a seis acidentes ao ano envolvendo garis, sejam eles coletores de caminhões ou de rua.
As situações, como ele explica, são as mais diversas, desde o descarte incorreto de vidros, que ocasionam em cortes, até a colocação inadequada de uma lixeira, fazendo os profissionais rasparem os braços e bater a cabeça, entre outras situações.
“Eles têm experiência, sabem qual o lugar que estão chegando, o que oferece algum tipo de risco. Mas, em algumas situações como a do Edinei. infelizmente, não se vê o caco de vidro […] as pessoas não se atentam quanto a separação de vidros. E aí, entra a questão de respeito, o meu trabalho pelo seu trabalho.”
Quadro de servidores
Atualmente atuam na limpeza das ruas de Pato Branco 114 pessoas. Dessas, 38 são coletoras de caminhão, 76 são garis de rua e 27 estão afastadas.
Descarte correto de materiais cortantes
Conforme a secretária, a maneira adequada de descartar materiais cortantes é acondicionando eles de maneira correta.
“Pode ser em garrafas de plástico, embalagens de leite ou suco. Do lado de fora, é preciso identificar que dentro existem vidros ou qualquer outro objeto. Para facilitar o trabalho dos garis, o ideal são embalagens transparentes. Essa técnica de acondicionamento serve também para objetos cortantes como facas, tesouras, lâminas de barbear, entre outros”, explicou.