“Gentil Trento, pai de meu pai, era um homem de estatura baixa e com deficiência em uma das pernas. Vítima da Paralisia Infantil, tinha dificuldade em caminhar, mas esse problema não atrapalhava em nada a execução de seus trabalhos. Nasceu no dia 28 de janeiro de 1919, filho de Clemente Trento e Maria Bess Fontana. Foi casado com Natalina Mazzuco Lazarin e teve 11 filhos. Nasceu em Palermo (SC), e veio para São Lourenço do Oeste (SC) na década de 50. Ali permaneceu até sua morte, que aconteceu aos seus 58 anos. Seus anos na terra foram muito poucos, mas o legado deixado ultrapassou gerações”.
É assim que a contadora Onélia Trento Sgarbossa começa a contar a história de seu avô, já registrada por ela em “Trento – Os Caminhos”. O livro, diz, vem de uma longa pesquisa genealógica iniciada em 1990, com entrevistas e visitas aos familiares e lugares que por eles foram colonizados. Também encontrou informações em documentos juntados com familiares e nos cartórios de origem. “Conforme o tempo foi passando, a tecnologia só veio a favorecer na rapidez da pesquisa”, avalia.
As histórias contidas neste livro, diz, vêm das conversas em família que seu pai sempre contava aos folhos nos momentos em que estavam todos reunidos. “Também, minha avó Natalina, hoje falecida, gostava muito de falar dos caminhos pelos quais a família percorreu para chegar onde chegaram”, relembra.
Onélia é contadora de profissão, mas não atua mais na área. “Já trabalhei por muitos anos na empresa da família e exerci a função de administradora. Hoje sou voluntária na Igreja católica, atuo como Missionária a frente de grupos de crianças e adolescentes na Obra da Infância e Adolescência Missionária, que tem como objetivo a oração e a ajuda humanitária nos projetos em favor a vida das crianças e adolescentes no Brasil e além fronteiras”, conta.
Construtor de igrejas
Gentil Trento era construtor de igrejas que, naquela época, eram cheias de detalhes. Elas lembravam as construções europeias, mas o material disponível para a obra era a madeira. A dificuldade era grande, pois quem construía deveria projetar e arquitetar toda a construção. Como Gentil era semianalfabeto, seu conhecimento de cálculos era, como diziam na época, a ‘matemática de cabeça’. “Ele tirava o modelo das Igrejas de figuras aleatórias ou fotos que lhes apresentavam. Os projetos eram desenhados e calculados em pedaços de madeira e assim surgia a planta da Igreja”, explica Onélia.
Algumas das igrejas construídas por Gentil foram das comunidades de São Paulinho, em São Lourenço do Oeste – SC; Santa Lúcia, hoje Novo Horizonte – SC; Pedra Branca, hoje Coronel Martins – SC. Estas já não existem mais, foram substituídas por Igrejas de alvenarias.
Contudo, ainda existe uma das obras de Gentil, que foi tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal de Francisco Beltrão – PR. Ela fica na comunidade de Sessão Jacaré e foi construída na década de 1960. Foi totalmente erguida em madeira de pinheiro araucária, a árvore símbolo do Paraná. “A particularidade desta Igreja foi que Gentil tirou o modelo de um rótulo de uma caixa de fósforo”, comenta Onélia.
Outros livros
Além de “Trento – Os Caminhos”, a pesquisa de Onélia rendeu ainda outras três obras: Sgarbossa- Resgatando a História; Baronio-Histórias Vividas; e De Brida- Rédeas que Guiam.
A quem interessar essas e outras histórias da família de Luigi Trento e Maria Caberlin Trento, pode entrar em contato Onélia pelo whatsapp 46 98802 1020. As obras não estão a venda em livrarias.