Rio Bonito do Iguaçu enfrenta o desafio de se reerguer após o devastador tornado registrado em 7 de novembro. Em meio aos escombros, uma força-tarefa técnica formada por cerca de 30 engenheiros da CTMGEO, de Cascavel, promoveu um mutirão voluntário e criou, em menos de 24 horas, a primeira base cartográfica digital da cidade, essencial para acelerar o trabalho dos órgãos públicos e a liberação de benefícios sociais.
O trabalho começou com a aquisição emergencial de imagens de satélite recentes, fundamentais para iniciar a reconstrução geoespacial do município. A partir dessas imagens, os técnicos criaram um ambiente SIG (Sistema de Informação Geográfica) do zero e realizaram vetorização detalhada, redesenhando digitalmente cada edificação atingida.
Segundo Máicon Altir Canal, sócio-diretor da CTMGEO, o desafio foi inédito, pois Rio Bonito do Iguaçu não possuía cadastro georreferenciado e teve grande parte das referências físicas destruída. “Ao comparar fotos antes e depois do tornado, identificamos as construções e calculamos a área de 2.533 imóveis, garantindo que os laudos técnicos avancem sem atraso”, destaca Canal.
Base cartográfica acelera laudos, liberações e benefícios sociais
A base digital está sendo utilizada por equipes do Ibape-PR e Crea-PR na elaboração dos laudos técnico-periciais necessários à reconstrução. A engenheira civil Karin Schons Chiamenti, do Ibape-PR, relata que na área urbana os trabalhos avançaram rapidamente, permitindo o início da liberação de verbas sociais já na semana seguinte ao desastre. A segunda etapa foca agora na zona rural do município.
Em contextos normais, o georreferenciamento municipal é realizado por fotogrametria aérea, técnica que não pôde ser aplicada devido à magnitude dos danos e ausência de construções para referência. A solução emergencial adotada garante estimativas técnicas confiáveis mesmo diante das dificuldades.
823 famílias em Rio Bonito do Iguaçu já receberam o auxílio de R$ 1 mil
Importância do cadastro geoespacial para gestão municipal e emergências
Especialistas ressaltam que manter cadastro imobiliário atualizado, base cartográfica consolidada e SIG ativo é essencial para acelerar diagnósticos, reduzir custos e apoiar ações sociais em situações de calamidade. “Com sistema georreferenciado implantado, todo o processo — emissão de laudos, vistorias, integração de imagens aéreas, aplicativos em campo — poderia ser automatizado e ampliado”, avalia Canal.
A tecnologia já provou eficiência, como em 2024, durante as enchentes do Rio Grande do Sul, onde sistemas SigWeb e Geocidadão foram empregados para cadastro de moradores e organização da assistência.
Em Rio Bonito do Iguaçu, solidariedade e dedicação dos profissionais fizeram a diferença, encurtando o caminho da reconstrução e garantindo atendimento imediato às famílias. “Mesmo com falta de dados, nosso trabalho contribuiu diretamente para recomeços mais rápidos e seguros”, conclui Máicon Canal.





