O Estadão conversou com Gil por vídeo para falar sobre a série Gil na Califórnia, que estreia no Globoplay na quinta, 9, e que parte da participação dele no Big Brother Brasil 21 para contar a trajetória do ex-BBB. Da vida pobre na periferia do Recife à chegada à Universidade da Califórnia em Davis, a UC Davis, onde cursa um Ph.D. em Economia.
Em cinco capítulos, com direção de Patrícia Carvalho e Patricia Cupello, a série documental mostra um tour de Gil por cidades como São Francisco, onde ele descobriu conexões com o movimento gay, além abordar a vida que ele leva em Davis, onde mora e estuda.
Na entrevista, de São Paulo – Gil pôde cumprir uma etapa do curso de forma remota -, ele fala de fama, a vida na Califórnia e homofobia.
Como está na Califórnia?
Teve altos e baixos, como tudo na vida. Fui me adaptando com a cultura, a alimentação, a língua, a comunicação mais lenta, a falta do abraço. O Ph.D. em si não está difícil. São assuntos que já vi no Brasil. E, assim, sou vigoroso. Sento a bunda na cadeira e estudo.
Você, antes, foi vigiado no BBB e agora ficou com a equipe do documentário em sua cola. Como foi reviver essa situação?
Ajo naturalmente, como sempre fiz. Sou eu, como no BBB, mas andando pelas ruas, fui eu mesmo. Sou aberto, não proibi de mostrarem nada.
Vocês gravaram em São Francisco. Você disse que foi importante estar na cidade, saber que muitos por lá lutaram para você poder ser o Gil do Vigor sem medo. O quanto isso foi importante para você?
Fazer um tour pelos pontos importantes da cidade foi muito especial. Ver a liberdade que todo mundo tem. Eu senti que era o meu lugar. As bandeiras LGBTQ+ hasteadas, faixa de pedestres como as cores do arco-íris… O arco-íris é um símbolo da relação de Deus com o homem. Representa felicidade, alegria.
Nessa questão, você se sentiu mais seguro lá fora do que aqui no Brasil?
Viver na Califórnia me deu o sentimento de que eu não preciso ter medo de nada. Pude ser quem eu sou. No começo, até fiquei com receio, na retaguarda, esperando que alguém pudesse me desrespeitar. Isso não acontece lá. Então, baixei a guarda. Agora que estou no Brasil, minha mãe me disse para ter cuidado com quem eu me relacionar. Pediu que eu me relacionasse só com amigos de amigos.
Você já foi vítima de homofobia aqui no Brasil?
Me dói muito falar, mas fui, diversas vezes. A vítima sofre muito. Até no BBB eu fiquei com receio no início. Quando saí, teve aquele áudio (um conselheiro do Náutico, clube de futebol do qual Gil é torcedor, fez ataques à dança que ficou conhecida como “tchaki tchaki” quando ele visitou o estádio Ilha do Retiro). Foi terrível.
Qual sua relação com a fama?
Ela nunca me encheu os olhos. Não é o centro da minha vida. Quero levar uma mensagem para as pessoas, brincar, fazer tchaki, tchaki. De vez em quando, gosto de me mostrar, de uma cachorrada, né? Sou bicha. Não vim a passeio. Confesso que meu sonho é ter uma manchete assim: “Gil é visto aos beijos com moreno misterioso”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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