O governador está fora do governo desde 20 de outubro. Suspeito de “aparelhar” a Segurança Pública para proteger seu grupo político, Carlesse foi apontado pelos investigadores como “chefe de uma organização criminosa” em um esquema de propinas envolvendo o Plano de Saúde dos Servidores do Estado do Tocantins (Plansaúde).
Ainda segundo a PF, para fazer a engrenagem criminosa funcionar, o governador mobilizava o Corpo de Bombeiros para “fiscalizações atípicas”, a Controladoria-Geral do Estado para auditorias dirigidas e a Polícia Civil para obstruir investigações sobre aliados.
O uso de duas policiais militares como “babás” de uma das filhas do governador foi citado em relatório após buscas no apartamento de Carlesse nas operações do dia 20 e ao qual o Estadão teve acesso. Conforme o documento, uma “suposta babá” da filha menor de Carlesse chegou ao local durante a ação policial. “Após identificação, verificou-se se tratar de Maria Santana Lima de Oliveira, sargento da Polícia Militar”, diz o registro. O relatório afirma ainda que o ajudante de ordens do governador, o major da PM José Roberto Carneiro Alves, informou ao federais que duas policiais militares “cuidam diariamente da filha do governador, acompanhando-a à escola, shopping e demais atividades rotineiras”. Para os investigadores, a prática pode configurar eventual ato de improbidade administrativa.
‘PARTICULAR’
Uma outra suspeita pesa sobre o governador, esta por desvio de finalidade da Casa Militar, sustenta a PF. Carlesse teria acionado o órgão para uma investigação particular. A “apuração” envolveu, segundo os policiais, o chefe da Gerência de Inteligência da Casa Militar, major Rudson Barbosa, e mais dois militares. Eles tinham a tarefa de identificar os responsáveis pela divulgação de um vídeo com cópias de conversas e fotos íntimas de um suposto relacionamento extraconjugal da mulher do governador, Fernanda.
“A demanda para a realização dos levantamentos veio da chefia da Casa Militar, a pedido do gabinete do governador”, afirmou o major em depoimento. Em Palmas, em um cofre no apartamento de Carlesse, foi encontrado um dossiê sobre a apuração pedida.
ACESSO
A defesa do governador disse que só vai se manifestar após ter “acesso total aos autos”. O major Rudson não respondeu à reportagem. Em nota, a Casa Militar negou que tenha atuado “fora das competências”. Segundo o órgão, a sargento Maria Lima desempenha função “de agente de segurança” da filha de Carlesse.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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