A nota explica que, em 2014, foi feito um termo aditivo a contrato firmado entre as partes em que a empresa se comprometia a realizar investimentos no complexo industrial Ford Nordeste, em contrapartida a ações de fomento e financiamento de capital de giro criadas pelo Estado.
“Com a decisão da Ford por fechar o complexo em definitivo, estes benefícios foram o parâmetro das negociações para se chegar ao valor da indenização devida pela empresa, acrescido de correção monetária”, diz nota enviada pelo governo baiano. Não há dados sobre como o dinheiro será utilizado.
Ao Estadão, a Ford afirmou apenas que “confirma que celebrou acordo com o governo da Bahia no montante de R$ 2,15 bilhões e que o pagamento foi feito integralmente na data de hoje (dia 18)”. Na quarta-feira, o Estadão havia informado que o acordo seria divulgado em breve e que a indenização seria de cerca de R$ 2,5 bilhões, mas houve ajustes no valor.
A Ford anunciou o fechamento das fábricas de carros da Bahia e de motores em Taubaté (SP) em janeiro. Em 2019 o grupo já havia fechado a unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
A planta industrial da Troller em Horizonte (CE), onde são produzidos jipes T4, vai funcionar até o fim do ano e também está à venda. Com isso, a empresa passou a ser apenas importadora de modelos da marca, mas decidiu manter seu centro de desenvolvimento em Camaçari.
Funcionários e lojistas
Quando decidiu deixar de produzir veículos no Brasil, onde por muitos anos foi a quarta maior em vendas, o grupo disse que havia reservado US$ 4,1 bilhões para indenizações de governos, trabalhadores, distribuidores e fornecedores. Fontes do mercado, contudo, afirmam que esse valor já teria sido ultrapassado.
A montadora já fechou acordos de indenização com os cerca de 5 mil trabalhadores de Camaçari e Taubaté, após várias reuniões com os sindicatos de metalúrgicos locais. Cada um deles recebeu no mínimo R$ 130 mil, além dos direitos normais de rescisão de contratos.
Não há informações de como estão as indenizações de fabricantes de autopeças. Já com os concessionários, que ameaçaram ir à Justiça, a empresa preferiu negociações individuais. A Ford informou que “continua com um excelente progresso nesta questão, mas ainda temos algumas negociações pela frente”.
Venda de fábricas
A Ford disse que tem recebido vários contatos de interessados em adquirir o complexo de Camaçari, onde além da fábrica de carros da marca atuavam vários fornecedores de autopeças, mas não há nada conclusivo ainda.
O governo do Ceará acompanha negociações com dois interessados na Troller, e tenta convencer o comprador a manter a produção do jipe, que foi desenvolvido por empresários locais. A intenção é manter a marca na região, assim como os 450 empregados da fábrica.
A fábrica de Taubaté passa por processos de desligamento e desmontagem de equipamentos, com menos de 60 funcionários nessas funções. Não há informações de interessados em adquirir as instalações.
A rede de revendas da Ford tinha 283 pontos de venda, mas a marca deve ficar com apenas 120 para comercializar os modelos importados, entre os quais os utilitários-esportivos Territory, que vem da China, e o Bronco, produzido no México. As demais buscam novas bandeiras para atuar e algumas devem fechar as portas.
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