A Anvisa suspendeu 25 lotes da Coronavac, vacina fabricada pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Butantan, no último sábado, 4. A determinação, válida por 90 dias, foi tomada após o órgão constatar que o envasamento das doses aconteceu em uma linha de produção inaugurada na China durante a pandemia. O novo local não passou por inspeção de equipes sanitárias brasileiras e, portanto, não conta com certificado reconhecido no Brasil.
O Estado, no entanto, defende o procedimento de produção dos lotes e afirma que essas doses seriam tão seguras quanto as doses de Coronavac que foram aplicadas desde o início da campanha vacinal no País. “A vacina tem controle de qualidade rigoroso, assim como todo o resto da fábrica”, disse Rui Curi, diretor do Butantan. “É uma questão de formalização.”
Após o anúncio da suspensão, o governo de São Paulo informou que já havia usado 4 milhões de doses pertencentes a esses lotes. Segundo a gestão Doria, nenhuma intercorrência ou efeito adverso relacionado ao uso foram registrados até o momento. A expectativa é “acelerar” o processo de liberação das vacinas suspensas.
É uma mensagem tranquilizadora às pessoas que tomaram a vacina do Butantan. A qualidade da Coronavac é incontestável e a própria Anvisa já se pronunciou (anteriormente) nesse sentido”, disse Doria. “Aguardamos a liberação deste novo lote para aplicação na população do País.”
Secretário Estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn afirmou que “todas as doses passaram por rígido controle de qualidade” na China e no Brasil. Segundo o titular da pasta, o procedimento teria sido feito pelo Butantan e também por órgão vinculado à Fiocruz, antes da distribuição para as cidades.
“Ainda assim, orientamos os municípios para acompanhar o evolutivo dos pacientes nos próximos 30 dias”, disse Gorinchteyn. “Nenhum dos pacientes que recebeu apresentou qualquer reação mínima.”
De acordo com o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, um relatório de inspeção, feito pela vigilância sanitária chinesa, deve chegar à Anvisa até o fim da semana. Em defesa da Coronavac, Covas disse, ainda, que o imunizante já foi usado em mais de 60 milhões de crianças e adolescentes daquele país. No Brasil, a agência reguladora recusou o uso para os grupos.
“É importante dizer que é a vacina mais segura do mundo. Já tem um perfil de segurança avaliado em mais de 1 bilhão de pessoas”, afirmou Covas, que disse ter “confiança na Anvisa” para liberar os lotes suspensos.
O Estadão procurou a Anvisa, por meio de assessoria de imprensa, às 13h46, para confirmar o recebimento de dados pendentes e se há expectativa de análise para liberação dos lotes. A agência não respondeu até o momento.
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