“Não é errado em lugar nenhum do mundo que quem está no poder tenha mais comandos sobre recursos, isso é normal, é para isso que você ganha a eleição. Ganha a eleição, você ganhou, é natural que vá mais recursos para um lado do que para outro, aí quando outro lado ganha, ele comanda, por isso me parece dramática a discussão”, continuou.
O ministro foi questionado sobre o assunto em participação no 93º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC). Ele afirmou que precisava ter “muita prudência” para entrar nesta matéria e disse não conhecer os “detalhes” ao dizer que o esquema de distribuição dos recursos pareceria “ser uma ferramenta que aparentemente é transparente”. “Dizem que dá pra ver as emendas, eu não sei, não conheço o detalhe”, afirmou Guedes.
A falta de transparência no mecanismo, no entanto, é um dos grandes problemas do orçamento secreto, o que foi reconhecido em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou ao Executivo e ao Legislativo dar ampla publicidade sobre a distribuição das verbas secretas.
Apesar de dizer que “aparentemente” o sistema seria transparente, Guedes comentou a decisão da Corte e disse que “pedir transparência é bom para todo mundo”. “Dentro de orçamento de R$ 1,8 trilhão, falar que R$ 15 bilhões estão invisíveis, me parece que está faltando do ponto de vista do próprio Legislativo desenhar uma regra que fique claro para todo mundo o que é”, disse Guedes.
O ministro ainda afirmou que o mecanismo não foi criado pelo atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele citou que o deputado Rodrigo Maia (sem partido-RJ), à época na presidência da Casa, pediu R$ 30 bilhões para as emendas de relator. “Não houve essa convulsão toda. Por quê? possivelmente naquela altura o presidente da Câmara garantiu aqueles recursos para ficar independente do governo, fazer a política mesmo sendo oposição ao governo, ninguém reclamou. Agora que é metade daquele dinheiro, mas para apoiar o governo, fazer as reformas, aí todo mundo descobriu que ‘o orçamento é secreto, que aquilo está errado'”, disse, lembrando dos vetos da Economia a ferramenta.
Comentários estão fechados.