Guinness confirma telecirurgia de maior distância do mundo para o Paraná

O Guinness World Records confirmou oficialmente nesta sexta-feira (3) o novo recorde mundial de maior distância entre paciente e cirurgião em telecirurgia robótica: exatos 12.034,92 quilômetros separaram o Hospital Cruz Vermelha, em Curitiba (PR), do Jaber Al-Ahmad Hospital, no Kuwait, em uma operação inédita e bilíngue.

No dia 23 de setembro de 2025, dois procedimentos de hérnia inguinal foram realizados via robô cirúrgico MP1000 da Edge Medical. No primeiro, o cirurgião brasileiro Leandro Totti operou remotamente um paciente no Oriente Médio. No segundo, médicos do Kuwait conduziram uma operação em Curitiba, invertendo os papéis e demonstrando completa reprodutibilidade e confiabilidade técnica entre Brasil e Kuwait.

O feito superou o recorde anterior, registrado entre Casablanca (Marrocos) e Xangai (China), consolidando a liderança brasileira em inovação médica.

Inovação tecnológica e cooperação global

A conquista foi resultado da parceria entre o Hospital Cruz Vermelha, Jaber Al-Ahmad Hospital, SCOLLA Centro de Treinamento Cirúrgico, Zain Group e a Kuwait Foundation for the Advancement of Science (KFAS), com suporte nacional da Ligga Telecom, responsável pela conectividade ultra estável entre hospitais e data center de São Paulo. Dois robôs cirúrgicos e sistemas avançados de decodificação garantiram uma média de latência de apenas 199 ms, banda larga de 80 Mbps e mínima perda de dados (0,19%), consolidando a segurança e precisão dos procedimentos.

Segundo o médico coordenador e idealizador da iniciativa, Marcelo Loureiro do Scolla, o projeto representa uma nova era para a medicina mundial: “É um modelo de cooperação internacional entre governos, instituições médicas e empresas de tecnologia, posicionando o Brasil na vanguarda e ampliando o acesso à saúde especializada”.

Impacto na formação médica e inovação no Paraná

O avanço estabelece impacto direto no ensino superior paranaense. Alunos e docentes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) terão acesso ao robô utilizado no recorde, fortalecendo a qualificação acadêmica por meio de aulas práticas de alta tecnologia.

O Governo do Paraná, via SETI, investiu R$ 2 milhões no Programa de Fomento à Inovação na Educação Médica para capacitação em cirurgia robótica, inteligência artificial, telemedicina e simulação realística. Para o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, o projeto impulsiona o Paraná como protagonista da inovação em saúde e democratiza o acesso à tecnologia de ponta: “Estamos dando um salto na formação de médicos, promovendo vivências modernas nas universidades estaduais”.

O reitor da Unioeste, Alexandre Webber, reforça a relevância do investimento: “Nossos cursos de Medicina atingem um novo patamar, unindo inovação, assistência em saúde e formação profissional, graças à parceria entre entes públicos e privados”.

Pioneirismo e próximos passos

A tecnologia já havia sido validada em agosto, com a primeira telecirurgia robótica à distância da América Latina, na qual o cirurgião Paolo Salvalaggio retirou a vesícula de um suíno entre Cascavel e Campo Largo. Novas operações à distância já estão programadas entre Paraná e Paraíba, expandindo ainda mais o acesso à saúde remota.