Cinco anos atrás, Hamilton havia marcado 82 pontos nesse mesmo momento da temporada. Foi justamente em 2016 que o inglês perdeu o único título da Fórmula 1 nos últimos sete anos, para o então companheiro de equipe, o alemão Nico Rosberg. O desempenho em 2021 contrasta ainda com o dos dois anos anteriores. Em 2020, o piloto liderava o Mundial com 130 pontos após seis provas. Em 2019, tinha 136.
Os erros incomuns de Lewis na pista chamam a atenção na temporada. Ele desperdiçou a chance de recuperar a liderança e abrir vantagem para Verstappen na última corrida, no Azerbaijão. O pneu traseiro esquerdo do carro de Verstappen furou quando o holandês liderava a disputa e
Hamilton estava em terceiro. O piloto da Red Bull perdeu o controle, bateu e abandonou a prova a quatro voltas do fim. A corrida foi interrompida e uma nova largada aconteceu, com o companheiro de Verstappen, o mexicano Sergio Pérez, em primeiro e Hamilton em segundo.
Na primeira curva, o heptacampeão errou a freada, saiu da pista e foi para o fim do grid. Pérez conquistou a segunda vitória da carreira e Lewis ficou pela segunda corrida seguida fora do pódio. Depois, ele teve de se explicar para os companheiros de Mercedes e reconheceu o erro. Na etapa anterior, nas ruas de Mônaco, o inglês terminou em sétimo.
“Para ser honesto, foi humilhante. Foi um dos momentos mais difíceis que já tive em um bom tempo”, desabafou Hamilton após o erro no Azerbaijão. O chefe da Mercedes, Toto Wolff, também tentou tirar a pressão dos ombros de seu melhor piloto. “Ele tocou o botão que mudou o ajuste de freios, e o carro não parou. Acho que foi mais azar com o dedo dele”, disse o chefão da escuderia.
Mas essa não foi a primeira falha do inglês na temporada. No GP da Emilia-Romagna, segunda prova do calendário, Lewis escapou da pista ao tentar ultrapassar um retardatário, caindo da segunda para a nona posição. A vitória ficou com Verstappen, e ele conseguiu apenas recuperar a segunda posição.
Aproveitando os erros do rival para fisgar a liderança do campeonato, Verstappen tenta desestabilizar psicologicamente o colega. “Hamilton agora está em uma situação nova em relação aos anos anteriores. Agora, é a primeira vez que a pressão vem de um piloto que não é seu companheiro de equipe, e sim de um carro diferente”, disse o piloto da Red Bull. Max tirou proveito do seu carro em alguns traçados que as Red Bulls andavam mais. Sabe, no entanto, que a Mercedes voltará a andar rápido nos próximos GPs, onde os circuitos facilitam seu acerto de carro.
GIAFFONE – Piloto e comentarista de automobilismo do Grupo Bandeirantes, Felipe Giaffone acredita ainda ser cedo para dizer que o heptacampeão está sentindo a pressão. “Coincidiram os momentos de Verstappen ter, pela primeira vez, um carro no nível da Mercedes e de Hamilton ter errado na pista. Nem a equipe sabe como está, de fato, a cabeça do piloto inglês. Se os erros se repetirem, aí vai ficar mais claro se Lewis está pressionado.”
Na última vez em que Hamilton esteve em situação parecida, ele se recuperou. Em 2017, após as seis primeiras etapas, Sebastian Vettel, ainda na Ferrari, liderava o campeonato com 25 pontos a mais do que o inglês. No entanto, Lewis garantiu o tetracampeonato com duas provas de antecedência.
O Grande Prêmio da França pode ser o momento ideal para Hamilton recuperar a liderança. Nas duas edições da corrida realizadas no circuito de Paul Ricard, em 2018 e 2019, o inglês da Mercedes pulverizou seus rivais.
Para Giaffone, é no GP da França que o campeonato começa a ter definições. “As corridas em Mônaco e no Azerbaijão, por serem de rua, costumam ser atípicas. A partir de agora, são circuitos tradicionais que vão predominar no calendário.” As duas sessões de treinos livres na sexta começam às 6h30 e 10h (de Brasília). No sábado, o terceiro treino livre é às 7h e a classificação, que define as posições para o grid, às 10h. A corrida, no domingo, tem largada às 10h.
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