Herpes zoster pode causar episódios de dor intensa

O dentista, Anderson Nezello, compartilhou sua experiência com uma crise grave da doença e alertou quanto aos cuidados que podem ser adotados

Recentemente o ex-chefe da 7ª Regional de Saúde e dentista, Anderson Nezello, compartilhou uma experiência pessoal com amigos e contatos próximos, seu objetivo era alertar com relação a uma doença que pode causar episódios de dor intensa. Trata-se da Herpes Zoster.

Segundo o mesmo em seu relato público a doença começou com sintomas simples. “A aproximadamente um mês atrás iniciou uma descamação no meu rosto, como uma caspa e eu entendi que poderia ser apenas do estresse do dia a dia, em alguns momentos eu fico mais estressado. Então tentei corrigir mudando de shampoo, mas não resolveu”, relatou.

Anderson contou que alguns dias depois percebeu algumas lesões bolhosas na testa considerando, a princípio ser decorrente do ato de coçar o local. “Logo a situação piorou e fui percebendo que elas agudizaram, e começaram a soltar um líquido nas lesões. Foi nesse momento que eu pensei se tratar de herpes. Iniciei um tratamento antiviral com uma medicação que tinha em casa e procurei ajuda médica”, contou.

Ainda em seu relato, Anderson contou que as lesões se espalharam e com o tratamento, iniciou uma fase de recuperação. “A pele ficou muito sensível, bastante avermelhada, tive retração gengival e, por muita sorte, não tive lesão ótica que é bastante comum quando a doença atinge o nervo trigêmeo [um dos pares de nervos cranianos que mais possuem ramificações]. A dor que senti era insuportável”, ressaltou. O mesmo complementou dizendo que esta é uma doença assustadora, difícil de tratar, e com tratamento de custo elevado. “Como a dor é muito intensa, os medicamentos para dor também podem ser altamente viciantes”, alertou.

Herpes zoster

Sobre a doença, a infectologista, Susane Marafon, explica que é uma doença conhecida popularmente como “cobreiro”, que ocorre pela reativação do vírus da catapora/varicela muitos anos após a infecção primária da varicela. “Essa reativação ocorre geralmente por algum quadro de imunossupressão ou pela idade acima de 50 anos”.

Susane Marafon é médica infectologista, CRM 46795 / RQE 28943

Segundo a mesma, a doença se apresenta inicialmente com dormência, queimação, coceira ou hipersensibilidade na região onde, após alguns dias, vão aparecer as pequenas bolhas que irão acometer uma faixa do corpo (que chamamos de dermatomo), sempre unilateral. “Muitas vezes, o paciente procura o atendimento médico devido ao quadro doloroso e as lesões podem passar despercebidas, principalmente, quando acomete o tronco que é o local mais acometido, mas elas podem aparecer em qualquer parte do corpo”.

Sobre a possibilidade de contágio, a médica disse não se tratar de uma doença contagiosa. “Se alguém nunca se infectou ou vacinou para varicela, e tiver contato com as lesões ou objetos da pessoa, pode desenvolver varicela, mas não herpes zoster. Lembrando que o herpes zoster é uma reativação do vírus varicela zoster”.

Um dos efeitos mais temidos por pacientes é a dor neurálgica, sobre ela Susane explica que esta é uma dor que persiste após o desaparecimento das lesões e pode durar de 1 a 6 meses, ou até anos. “Geralmente ocorre em 30% dos pacientes acima de 40 anos e pode vir associada a outros sintomas, como perda de apetite e depressão. É motivo de buscas por vários profissionais, devido à dificuldade de tratamento e doses de medicamentos adequados para amenizar o sofrimento”.

“Toda semana atendo casos de pacientes que me procuram devido a essa complicação. O ideal que o paciente já fosse atendido desde o início do quadro para um atendimento voltado para a prevenção e redução de danos. E uma das funções da vacina é reduzir a chance do paciente evoluir para a fase da neuralgia pós herpética que é tão incapacitante”, ressaltou a médica.

Vacina

Hoje no Brasil existem disponíveis duas vacinas contra herpes zoster liberadas comercialmente e cada uma possui características específicas. A infectologista observa que não tem conflitos de interesse com nenhuma das marcas e cita detalhes sobre cada uma delas. “O que as duas vacinas possuem em comum é que são indicadas para pacientes maiores de 50 anos, que são a parcela da população que tem o maior risco de reativar o vírus varicela zoster e apresentar quadros de neuralgia pós herpéticas que citamos anteriormente”, disse.

Disponíveis existe a vacina “Zostavax” que foi a primeira a ser utilizada no Brasil, de vírus vivo atenuado, e é indicada para maiores de 50 anos e contraindicada para gestantes e pacientes imunossuprimidos. Já a vacina “Shingrix”, usa a tecnologia recombinante, e está indicada para maiores de 50 anos ou para maiores de 18 anos que já tiveram a doença ou que são imunossuprimidos. São necessárias a aplicação de duas doses e tem eficácia de cerca de 97%.

“As duas vacinas não estão presentes no calendário vacinal do SUS, dificultando o acesso de toda a população. É importante que os pacientes conversem sempre com seu médico de confiança para que possa indicar qual a melhor opção e faça a prescrição das vacinas individualizadas para cada caso”, alertou.

Susane alertou ainda que os pacientes devem adotar hábitos de vida saudáveis para evitar crises futuras. “Os cuidados com a sua saúde são importantíssimos, como atividade física e dieta balanceada, além de tratamento adequado das doenças de base, como hipertensão e diabetes. Mas como a idade chega para todos, a vacina continua sendo a maneira mais eficaz para a prevenção”, concluiu.

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