Hidrogênio renovável: UFPR e Copel inauguram planta em Curitiba

Na última sexta-feira (17), foi inaugurada em Curitiba a primeira planta-piloto do Brasil dedicada à produção de hidrogênio renovável de alta pureza sem uso de água, a partir do biogás. O projeto utiliza resíduos orgânicos do restaurante universitário do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e marca um avanço histórico para o setor de energia limpa e inovação tecnológica no país.

A iniciativa integra um Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) lançado pela Copel em 2023, com o objetivo de desenvolver fontes energéticas sustentáveis e reduzir as emissões de gás carbônico. A cerimônia de inauguração contou com autoridades municipais, estaduais e federais, além de representantes da comunidade científica.

Investimento e aplicações sustentáveis

O investimento total no projeto foi de R$ 7,6 milhões. A nova planta demonstra o potencial do hidrogênio renovável para diversificar a matriz energética brasileira, substituindo combustíveis fósseis como gasolina, diesel, gás natural e carvão.

Entre os diferenciais tecnológicos da unidade está o fato de não consumir água no processo e prever três aplicações diretas do hidrogênio produzido:

  • Abastecimento de bicicletas elétricas
  • Produção de amônia renovável
  • Geração distribuída de eletricidade para o restaurante universitário da UFPR

Plataforma de novos negócios e sustentabilidade

Segundo Marcos Paulo Rezende, diretor de Operação e Manutenção da Copel Geração e Transmissão, o projeto representa uma plataforma de novos negócios. “Os resíduos orgânicos viram energia, mobilidade e o excedente é utilizado como adubo”, afirmou. Ele destacou ainda que a iniciativa fortalece a parceria entre universidade e indústria, impulsiona a competitividade e posiciona o Paraná na vanguarda da transição energética nacional.

Hidrogênio verde e a liderança do Paraná

O presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio Valadão de Miranda, ressaltou a relevância ambiental e estratégica da inovação. Fundada em 2017, a ABH2 reúne empresas e pesquisadores dedicados à expansão da indústria do hidrogênio no país. “Trata-se de uma nova rota de produção com forte apelo ambiental que servirá de exemplo para o Brasil e poderá alcançar larga escala”, afirmou Miranda.

Tecnologia desenvolvida na UFPR

O projeto foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (Labmater) da UFPR, liderado pelo pesquisador Helton José Alves. Ele destacou que a Copel foi uma das primeiras empresas do setor elétrico a lançar uma chamada pública nacional voltada à produção de hidrogênio renovável. “Aumentamos a maturidade da tecnologia e a colocamos em fase de demonstração. Mostramos que o processo é viável do ponto de vista ambiental e econômico”, explicou.

De acordo com Alves, o próximo passo é escalar a tecnologia para uso industrial. “Essa planta-piloto é uma das primeiras do mundo a produzir hidrogênio sem água e com emissões extremamente baixas. Se houver captura de carbono, podemos chegar a emissões negativas”, afirmou. Ele acrescentou que o projeto traz ganhos significativos para o Estado do Paraná, para a UFPR e para a Copel, que poderá se tornar referência internacional na produção de hidrogênio verde.

Parcerias regionais e nacionais

Além da UFPR e da Copel, o projeto contou com a participação da Associação de Pesquisadores da Região Norte (Apreno), de Rondônia, e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Pernambuco, reforçando o caráter colaborativo e nacional da iniciativa.

Inteligência artificial no controle da produção

A planta faz uso intensivo de inteligência artificial para otimizar o controle do processo produtivo. O engenheiro Fabio Sevscuec, gerente de projetos de P&D da Copel Geração e Transmissão, explicou que sensores espalhados por toda a estrutura coletam dados em tempo real. “Essas informações alimentam um sistema especialista capaz de tomar decisões automáticas para corrigir desvios na produção de hidrogênio. Em plantas maiores, essa automação aumenta a eficiência e o controle operacional”, detalhou.