O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito neste sábado (1º) presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 2025-2026. Motta recebeu 444 votos em primeiro turno, superando os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS), que obteve 31 votos, e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), que conquistou 22 votos. Outros dois votos foram registrados em branco.
Apoio político e base partidária
A candidatura de Hugo Motta foi respaldada por um bloco formado por 17 partidos, totalizando 494 deputados. O grupo inclui siglas como PL, PT, PCdoB, PV, União Brasil, PP, Republicanos, PSD, MDB, PDT, PSDB, Cidadania, PSB, Podemos, Avante, Solidariedade e PRD. Como obteve maioria absoluta (metade mais um dos votos dos presentes), não houve necessidade de um segundo turno.
Defesa da democracia
Em seu primeiro discurso após a eleição, Motta enfatizou seu compromisso com a democracia. Repetindo um gesto histórico de Ulysses Guimarães, ele ergueu a Constituição Federal sob aplausos do Plenário e afirmou: “Tenho nojo da ditadura”.
O novo presidente destacou que a população deseja estabilidade e progresso econômico. “O povo brasileiro não quer discórdia, quer emprego; não quer luta pelo poder, mas que os poderes lutem por ele”, declarou. Ele também reforçou que “não há democracia com caos social, e não há estabilidade social com caos econômico”.
Transparência e responsabilidade fiscal
Motta defendeu maior transparência nos gastos públicos e sugeriu a criação de uma plataforma digital integrada entre Executivo, Legislativo e Judiciário para monitoramento em tempo real das despesas. Ele também ressaltou a importância da responsabilidade fiscal para garantir estabilidade econômica.
Compromissos e prioridades
Durante seu discurso como candidato, Motta prometeu humildade na gestão e previsibilidade nos trabalhos da Câmara, propondo a retomada das sessões plenárias no início da tarde e a definição clara entre sessões presenciais e virtuais. Ele também destacou a necessidade de alinhamento com o Senado para otimizar o processo legislativo e ampliar a participação de deputados menos experientes na relatoria de projetos.
Outro ponto central de sua gestão será o fortalecimento da bancada feminina, garantindo maior visibilidade e participação das mulheres em pautas de impacto nacional, como economia, educação e segurança pública.
O presidente mais jovem da Câmara
Aos 35 anos, Hugo Motta é o presidente mais jovem da Câmara no período pós-redemocratização. Em 2011, ele já havia se destacado ao ser eleito deputado federal aos 21 anos, idade mínima permitida para o cargo. Atualmente, ele também atinge a idade mínima para ocupar a Presidência da República, estando na segunda posição na linha sucessória, atrás apenas do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Trajetória política e atuação no Congresso
Desde seu primeiro mandato, Motta ocupou cargos de destaque, como presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras em 2015. Ele também comandou a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (2014-2015) e três comissões especiais, incluindo a que tratou da desestatização da Eletrobras.
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Ao longo de sua trajetória, foi autor e relator de diversas propostas que se tornaram normas legais, como a Emenda Constitucional 82, que incluiu a segurança viária no capítulo da segurança pública, e a Emenda Constitucional 133, que criou regras para financiamento de campanhas de candidatos negros e pardos.
Durante a pandemia de Covid-19, relatou a proposta do “orçamento de guerra” (EC 106), flexibilizando regras fiscais e administrativas para mitigar os impactos econômicos da crise.
Republicanos
A vitória de Hugo Motta também marca um feito histórico para o Republicanos, partido fundado em 2005. Até então, apenas legendas criadas na década de 1980 haviam ocupado a Presidência da Câmara. O MDB é o partido que mais vezes comandou a Casa, seguido pelo PP/PDS e DEM/PFL.
Nordeste
Com a eleição de Motta, esta será a 20ª vez que um deputado do Nordeste preside a Câmara dos Deputados. A Paraíba, seu estado de origem, já teve outros dois representantes no comando da Casa: Efraim Moraes (PFL) entre 2002 e 2003, e Samuel Duarte (PSD) de 1947 a 1949.
A história da Câmara dos Deputados registra uma predominância de presidentes oriundos do Sudeste, com destaque para São Paulo (16 vezes), Minas Gerais (12) e Rio de Janeiro (7).
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