
O Ibovespa fechou em leve queda pelo segundo dia seguido, mantendo-se no patamar dos 139 mil pontos, em uma sessão volátil marcada pela preocupação dos investidores com o discurso protecionista do ex-presidente americano Donald Trump. Ele anunciou que enviará, nos próximos dias, uma carta formal à União Europeia detalhando novas taxas sobre produtos importados do bloco.
O Ibovespa recuou 0,13%, aos 139.302,85 pontos, enquanto o Ibovespa futuro para agosto caiu 0,16%, aos 141.085 pontos. O giro financeiro somou R$ 18,3 bilhões. Em Nova York, os principais índices encerraram o pregão em campo misto.
Apesar do tom negativo, a alta das ações da Petrobras ajudou a conter parte das perdas do índice. PETR3 avançou 2,52% e PETR4 subiu 1,43%. Vale (VALE3) teve alta de 0,34%, enquanto Itaú (ITUB4) recuou 0,45%. Entre as exportadoras, Weg (WEGE3) caiu 4,06% e Klabin (KLBN11) teve queda de 1,21%.
Segundo Gustavo Mendonça, especialista da Valor Investimentos, as declarações de Trump no meio da tarde trouxeram volatilidade ao mercado. “Ele voltou a falar sobre guerra comercial e deve enviar uma proposta formal para a União Europeia nos próximos dias. O tom protecionista reacendeu temores entre investidores, principalmente com a possibilidade de tarifas extras de 10% sobre produtos vindos dos Brics. O Ibovespa chegou a cair mais, mas se recuperou parcialmente com o desempenho de Vale e Petrobras”, explicou.
Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, afirmou que as tarifas de Trump continuam gerando tensão no mercado. “A sinalização sobre o prazo das tarifas e a ameaça de estender para outros países impactaram ontem. Hoje, com agenda mais fraca, os dados de vendas no varejo caíram 0,2%, em linha com as previsões, mostrando uma atividade mais fraca. Apesar disso, do ponto de vista inflacionário é positivo, mas no geral enfraqueceu o mercado. A expectativa segue para o IPCA de junho, a ata do Fed e o desdobramento do IOF ao longo da semana.”
Câmbio e juros futuros
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou em R$ 5,4449 para venda, com queda de 0,61%. O dólar futuro para agosto recuou 0,80%, a R$ 5.476,50. O Dollar Index, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, subia 0,04%, a 97,52 pontos.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, explicou que a queda do dólar refletiu a reversão parcial dos ganhos anteriores, motivada principalmente pelo adiamento das tarifas comerciais dos EUA, que estavam previstas para 9 de julho e foram postergadas para 1º de agosto. Ele destacou ainda o impacto positivo dos preços do minério de ferro e da recuperação do petróleo sobre moedas de países emergentes exportadores, como o real e o peso mexicano.
Gustavo Mendonça também comentou sobre o dólar: “As falas de Trump sobre tarifas trouxeram alerta ao mercado. Embora a moeda americana suba frente a outras moedas, ela recua em relação ao real.”
Mais cedo, Trump afirmou em sua rede Truth Social que as tarifas entrarão em vigor em 1º de agosto, sem prorrogação do prazo. Ontem, ele iniciou o envio de notificações a parceiros comerciais sobre a imposição de tarifas mais altas.
A China respondeu com um alerta ao governo Trump, advertindo contra a reativação das tarifas sobre produtos chineses e ameaçando retaliar países que firmarem acordos com os EUA para excluir a China de cadeias de suprimentos. A posição foi publicada em editorial no People’s Daily, jornal oficial do Partido Comunista Chinês.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) também fecharam em queda, refletindo o dado mais fraco de vendas no varejo em maio e a desvalorização do dólar.
- DI jan/26: 14,920% (de 14,925%)
- DI jan/27: 14,165% (de 14,220%)
- DI jan/28: 13,415% (de 13,480%)
- DI jan/29: 13,310% (de 13,340%)
Bolsas nos EUA
Em Nova York, os principais índices fecharam mistos, acompanhando a cautela em relação às tarifas comerciais:
- Dow Jones: -0,37%, 44.240,76 pontos
- Nasdaq 100: -0,03%, 20.418,46 pontos
- S&P 500: -0,07%, 6.225,52 pontos
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