O Ibovespa encerrou o pregão desta segunda-feira (2) em queda de 0,17%, aos 136.786,65 pontos, pressionado pela instabilidade gerada pela proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e pela volatilidade nos mercados globais. Ao longo da sessão, o índice oscilou entre a máxima de 138.471,10 pontos e a mínima de 136.482,87 pontos. O volume financeiro negociado na B3 foi de R$ 20,8 bilhões.
Apesar do desempenho negativo do índice, ações ligadas a commodities tiveram alta, impulsionadas pela valorização do petróleo. Os papéis da Gerdau (GGBR4) e da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) subiram 5,04% e 5,14%, respectivamente, após o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar intenção de elevar tarifas sobre aço e alumínio.
A Petrobras também teve ganhos: PETR3 avançou 0,30% e PETR4, 0,58%, com a alta do petróleo. A estatal anunciou que, a partir de terça-feira (3), o preço da gasolina A para distribuidoras será reduzido em 5,6%, passando para R$ 2,85 por litro, o que representa uma queda de R$ 0,17 por litro. Com a mistura obrigatória de etanol, a participação da Petrobras no preço da gasolina C ao consumidor será de R$ 2,08 por litro, uma redução de R$ 0,12.
A Vale (VALE3) registrou alta de 0,88%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) subiu 3,47% e Lojas Renner (LREN3) teve valorização de 1,04%.
Já o Ibovespa futuro, com vencimento em junho, caiu 0,33%, encerrando a sessão em 137.500 pontos.
Incertezas sobre o IOF e impacto fiscal
A sinalização do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que apresentará uma proposta ao Congresso sobre o IOF, com possibilidade de inclusão de reformas estruturais, influenciou momentaneamente o mercado. O sócio da Venice Investimentos, Armstrong Hashimoto, destacou que, embora o discurso tenha animado o mercado em parte da sessão, o recente rebaixamento da perspectiva de rating do Brasil pela Moody’s, de “positiva” para “estável”, ainda pesa sobre os ativos.
Segundo Bruno Komura, analista da Potenza Capital, o aumento do IOF é visto como uma medida que encarece o crédito, com efeito similar à alta da taxa Selic, o que gera cautela nos investidores. Komura também citou a queda na popularidade do presidente Lula como fator que pode levar a novas medidas econômicas de impacto político.
O head de mesa do Banco MoneyCorp, João Carlos Oliveira, ressaltou que o mercado está em “compasso de espera” até que haja maior clareza sobre a proposta do governo. “O mercado não gosta de insegurança jurídica”, afirmou.
Dólar cai e DIs sobem
No mercado cambial, o dólar comercial fechou em queda de 0,81%, cotado a R$ 5,6734, refletindo um movimento de ajuste técnico e a desvalorização global da moeda americana. A divisa oscilou entre R$ 5,7096 e R$ 5,6666. O Dollar Index (DXY), que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, recuou 0,56%, a 98,77 pontos.
Segundo Leonardo Santana, sócio da Top Gain, “não fosse a questão do IOF, a queda do dólar teria sido ainda maior, superando 1%”. Para Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, o recuo da moeda norte-americana foi impulsionado por uma correção técnica, após semanas de valorização.
Enquanto isso, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) subiram na maioria dos vencimentos, influenciadas pela expectativa fiscal e pela redução no preço da gasolina:
- DI jan/26: 14,785% (de 14,805%)
- DI jan/27: 14,165% (de 14,150%)
- DI jan/28: 13,690% (de 13,645%)
- DI jan/29: 13,680% (de 13,625%)
Mercados nos EUA fecham em alta
Apesar do aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos, China e União Europeia, os principais índices de ações americanos encerraram o dia em alta:
- Dow Jones: +0,08%, aos 42.305,48 pontos
- Nasdaq 100: +0,67%, aos 19.242,61 pontos
- S&P 500: +0,41%, aos 5.935,94 pontos
Segundo a Ajax Asset, o anúncio de Trump sobre novas tarifas e a incerteza nas negociações comerciais entre Pequim e Washington continuam gerando volatilidade global, o que pode ter efeitos indiretos sobre os ativos brasileiros nos próximos dias.
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