Ibovespa fecha em leve alta e dólar cai

O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira (29) com leve alta de 0,05%, aos 135.092,99 pontos, em sua sétima sessão consecutiva de ganhos, sustentado pelo fluxo de investidores estrangeiros e pela expectativa de reposicionamento do Brasil nas cadeias produtivas globais em meio às tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

Apesar de ter perdido força no fim da sessão, o índice conseguiu se manter no patamar dos 135 mil pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,6 bilhões, e o Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou também 0,05%, aos 137.370 pontos.

Destaques do pregão

No campo positivo, as ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) lideraram os ganhos do índice com valorização de 8%, impulsionadas por expectativas de mudanças na governança corporativa. Já a PetroRio (PRIO3) subiu 2,51%, após o banco Citi elevar o preço-alvo da ação para R$ 60,00 e projetar resultados operacionais positivos.

Na ponta negativa, Azul (AZUL4) recuou 10,76%, refletindo o encerramento de sua oferta de ações e desafios em seu processo de reestruturação. Natura (NTCO3) também teve desempenho negativo, ainda sentindo os impactos dos resultados trimestrais abaixo do esperado.

A Gerdau (GGBR4) e a Metalúrgica Gerdau (GOAU4) chegaram a esboçar recuperação após a divulgação do balanço do primeiro trimestre, mas fecharam em queda de 1,15% e 0,46%, respectivamente, com a empresa anunciando redução de investimentos no México diante de reconfiguração na indústria automotiva global.

Análise do cenário

Segundo Valter Bianchi, da Fundamenta Investimentos, a alta moderada reflete um período de “tranquilidade momentânea”, com os mercados globais atentos aos desdobramentos das políticas tarifárias dos EUA. A crescente influência da China, a perda de competitividade da economia americana e os efeitos das políticas do governo Trump alimentam a volatilidade e impactam a confiança global no dólar como moeda de reserva.

Bianchi aponta que o Brasil pode se beneficiar da neutralidade geopolítica e da força do agronegócio, o que atrai capital estrangeiro para a bolsa local, mesmo em um ambiente de incerteza fiscal. Ainda assim, ele alerta que o aumento da dívida pública pode limitar esse otimismo.

Já Thiago Lourenço, da Manchester Investimentos, observa que os papéis de menor peso estão sustentando o Ibovespa, enquanto gigantes como Petrobras e Vale seguem descontados. Para ele, uma eventual mudança de fluxo para essas ações poderia impulsionar o índice rumo aos 150 mil pontos ainda este ano, desde que o cenário global não piore significativamente.

Juros e inflação

No mercado de juros futuros, os DIs fecharam em leve alta, com os investidores precificando mais duas possíveis altas na Selic, totalizando 0,75 ponto percentual antes do encerramento do ciclo de aperto monetário. A taxa do DI para janeiro de 2026 subiu para 14,685%, enquanto o DI para janeiro de 2029 ficou em 13,630%.

O IGP-M avançou 0,24% em abril, contrariando projeções de queda, o que reacendeu preocupações com a inflação dos alimentos. O índice acumula alta de 1,23% no ano e 8,50% em 12 meses.

Durante coletiva, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou que a autoridade monetária segue confortável com a meta de inflação de 3%, alinhada aos padrões internacionais.

Dólar em queda

O dólar comercial fechou em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,6306, enquanto o dólar futuro para maio recuou 0,44%, a R$ 5.632,50. O movimento reflete a entrada de capital estrangeiro e a busca por diversificação frente às incertezas nos mercados desenvolvidos.

Para Marcos Weigt, da Travelex Brasil, o Brasil segue atrativo com juros elevados e menor exposição às tensões comerciais globais. Leonardo Santana, da Top Gain, destacou que o fluxo positivo e o descolamento do Brasil do cenário externo têm sustentado o real e impulsionado o Ibovespa.

Bolsas em NY sobem com expectativa de acordo comercial

Nos EUA, os principais índices acionários fecharam no positivo, com otimismo renovado após a Casa Branca sinalizar avanços em um novo acordo comercial. O Dow Jones subiu 0,75%, a 40.527,62 pontos; o Nasdaq 100 avançou 0,55%, para 17.461,30 pontos; e o S&P 500 teve alta de 0,58%, aos 5.560,83 pontos.


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