O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (22) em queda, após o governo federal anunciar a contenção de R$ 31,3 bilhões no orçamento de 2025, sendo R$ 20,7 bilhões em contingenciamento e R$ 10,6 bilhões em bloqueio, como parte dos esforços para cumprir a meta fiscal do ano.
A informação consta no Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do segundo bimestre, divulgado com atraso, o que gerou instabilidade no mercado. No início do dia, a notícia antecipada pelo jornal Valor Econômico sobre um possível aumento do IOF animou os investidores, fazendo o Ibovespa subir momentaneamente. No entanto, o clima positivo durou pouco.
Reação do mercado
Durante coletiva de imprensa, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) confirmaram o contingenciamento, mas a forma como a medida foi apresentada e a sinalização de aumento do IOF, mesmo sem incidir sobre dividendos enviados ao exterior, desagradaram os investidores.
O Ibovespa recuou 0,44%, fechando aos 137.272,59 pontos. Já o Ibovespa futuro para junho caiu 0,57%, aos 138.620 pontos, com giro financeiro de R$ 24,7 bilhões.
Ceticismo do mercado
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, avaliou que o montante divulgado “parece maior do que o esperado”, mas expressou ceticismo quanto à eficácia das medidas:
“O bloqueio de R$ 10 bilhões já era previsto, mas o governo também anunciou um contingenciamento de R$ 20 bilhões. Não vejo isso com grande credibilidade, pois no passado os ministérios não cumpriram o que foi anunciado”, afirmou.
Cruz destacou que o governo projeta déficit de R$ 97 bilhões, bem acima dos R$ 29 bilhões estimados na LOA (Lei Orçamentária Anual), apontando que o Executivo continua superestimando receitas e subestimando despesas.
Mais cedo, Ubirajara da Silva, gestor de renda variável, já havia alertado que a notícia do Valor Econômico sobre o contingenciamento estava “fazendo preço”, destacando que o mercado previa contenção entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.
Juros futuros e dólar sobem
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) avançaram durante o dia. Às 15h54:
- DI jan/26: 14,745% (ante 14,735%)
- DI jan/27: 14,030% (ante 13,965%)
- DI jan/28: 13,580% (ante 13,485%)
- DI jan/29: 13,590% (ante 13,505%)
O dólar comercial também subiu 0,35%, fechando cotado a R$ 5,6605. Durante a sessão, chegou a operar em alta leve de 0,04%, a R$ 5,6429, mas ganhou força após a repercussão das declarações ministeriais.
Para Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, a mensagem do governo foi “surpreendente” e indica uma tentativa de ajuste fiscal. No entanto, ele pondera que o contingenciamento mais robusto serviu para cobrir despesas previdenciárias, frustrando a expectativa de melhora fiscal consistente.
Bolsas em Nova York fecham mistas
No cenário externo, os principais índices das bolsas norte-americanas encerraram o dia em terreno misto. O movimento refletiu preocupações com a alta dos juros e o crescente déficit dos Estados Unidos, especialmente após a aprovação de um novo projeto de lei orçamentária pelo Congresso.
Confira o desempenho dos índices em Wall Street:
- Dow Jones: +0,00%, aos 41.859,09 pontos
- Nasdaq 100: +0,28%, aos 18.925,74 pontos
- S&P 500: -0,04%, aos 5.842,01 pontos
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