Ibovespa recua 1,08% no último pregão de maio

O Ibovespa encerrou o último pregão de maio em queda de 1,08%, aos 137.026,62 pontos, refletindo um cenário de aversão ao risco nos mercados globais, somado às incertezas fiscais no Brasil. A realização de lucros predominou entre os investidores, que digeriram os dados do PIB do primeiro trimestre e o índice de preços ao consumidor (PCE) nos Estados Unidos.

Na semana, o principal índice da B3 acumulou recuo de 0,58%, mas fechou o mês de maio com valorização de 1,45%, demonstrando a resiliência do Ibovespa. O giro financeiro da sessão foi de R$ 26,5 bilhões. O Ibovespa futuro para junho caiu 1,04%, aos 138.160 pontos.

Maiores quedas entre ações de peso

As principais ações que puxaram o índice para baixo foram:

  • Vale (VALE3): -2,52%
  • Petrobras ON (PETR3): -1,31%
  • Petrobras PN (PETR4): -1,08%
  • Banco do Brasil (BBAS3): -1,18%
  • Itaú Unibanco (ITUB4): -0,16%
  • Santander Brasil (SANB11): -0,26%

Tensão internacional e risco fiscal interno

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump reacendeu preocupações sobre uma nova guerra comercial com a China ao acusar Pequim de violar acordos tarifários. A declaração pressionou os mercados, com o Nasdaq 100 fechando em queda de 0,32%, enquanto o Dow Jones subiu 0,13% e o S&P 500 encerrou estável, impactando o cenário do Ibovespa. A cautela global impulsionou o dólar e afetou os índices de risco.

Internamente, os investidores monitoraram a crise do IOF, as incertezas sobre a política fiscal e a queda na popularidade do presidente Lula, que aumenta a percepção de risco sobre medidas econômicas populistas.

Segundo Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, o mercado teve uma sessão marcada por tensão. “A nova acusação dos EUA contra a China gerou uma onda de aversão ao risco, e o mercado reagiu com queda das bolsas, incluindo o Ibovespa, e valorização do dólar”, afirmou.

Dólar dispara com ambiente de aversão ao risco

O dólar comercial fechou em alta de 0,93%, cotado a R$ 5,7201, enquanto o dólar futuro para junho subiu 0,70%, a R$ 5.709,000. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a outras divisas, avançava 0,10%, a 99,39 pontos, influenciando o desempenho do Ibovespa.

Para Bruno Shahini, da Nomad, além do cenário externo, a pressão da formação da Ptax e a valorização global do dólar contribuíram para o movimento. “A possibilidade de ruptura no acordo tarifário entre EUA e China traz incertezas e afeta o apetite ao risco”, analisou.

Shahini também ressaltou que os ruídos fiscais sobre o IOF e medidas compensatórias de arrecadação mantêm o mercado doméstico em modo defensivo, impactando diretamente o Ibovespa.

PIB do 1º trimestre decepciona

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, abaixo da expectativa de 1,5%. Na comparação com o mesmo período de 2024, a alta foi de 2,9%, também inferior à projeção de 3,1% medida pelo Termômetro Safras.

Essa desaceleração, somada ao risco de medidas populistas, acentuou a cautela dos agentes econômicos, refletindo no Ibovespa. “Mesmo com economia aquecida, a preocupação com o aumento de gastos em meio à queda de aprovação do governo elevou a percepção de risco”, destacou Iarussi.

Inflação americana e juros futuros

Nos Estados Unidos, o índice de Preços para Gastos Pessoais (PCE) — principal referência inflacionária para o Federal Reserve — subiu 0,1% em abril na base mensal e 2,1% na anual, abaixo das previsões. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, avançou 2,5% no ano, também desacelerando frente a março (2,7%).

No Brasil, o ambiente de cautela global contaminou o mercado de juros futuros. As taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta:

  • DI jan/2026: 14,790% (de 14,755%)
  • DI jan/2027: 14,135% (de 15,040%)
  • DI jan/2028: 13,620% (de 13,530%)
  • DI jan/2029: 13,590% (de 13,520%)

Perspectivas para junho

Para Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, o cenário fiscal segue gerando incertezas, mas a Bolsa brasileira ainda mantém potencial de valorização no médio prazo, com viés positivo para o mês de junho, destacando o papel do ibovespa.

Segundo Bruno Komura, analista da Potenza Capital, o risco externo predomina no curto prazo. Já Marcos Weigt, do Travelex Bank, pondera que o Brasil poderia se beneficiar caso as tarifas dos EUA impactem mais diretamente outros mercados: “O problema é que o governo brasileiro foca em medidas de curto prazo, o que afasta investimentos”, criticou, comentando sobre o impacto no ibovespa.

Por fim, Trump declarou em coletiva que pretende conversar com o presidente Xi Jinping para tentar conter a escalada das tensões. “Tenho certeza de que falarei com o presidente Xi, e esperamos resolver essa situação”, disse o presidente americano.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.