O Ibovespa encerrou a sexta-feira (22) em forte alta de 2,57%, aos 137.968,15 pontos, impulsionado pelas falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que sinalizou possibilidade de corte de juros na reunião de setembro (16 e 17). No acumulado da semana, o índice avançou 1,19%.
O giro financeiro da sessão foi de R$ 22,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato com vencimento em outubro subiu 2,62%, aos 140.740 pontos.
Influência do Fed e trégua no cenário interno
Powell afirmou que, com a política monetária em território restritivo, a mudança no balanço de riscos pode justificar ajustes. O discurso ocorreu durante o simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, e animou investidores globais.
Segundo Felipe SantAnna, especialista da Axia Investing, além da sinalização externa, fatores internos também contribuíram:
“O dia é de descompressão. A fala de Powell abriu a porta para corte de juros em setembro. Com Selic a 15% e ações baratas, há espaço para entrada de fluxo estrangeiro no Brasil.”
Alta generalizada das ações
Todas as 87 ações da carteira teórica do Ibovespa fecharam em alta. O movimento refletiu também uma trégua momentânea no ambiente político doméstico, após tensões envolvendo a Lei Magnitsky, o sistema financeiro e o STF.
O operador Patrick Buss, da Manchester Investimentos, destacou:
“Após as falas de Powell, houve aumento das apostas em 75% para corte de 0,25 pp. Os bancos, que vinham pressionados, retomaram preços e puxaram o índice.”
Mercado de câmbio
O dólar comercial caiu 0,95%, cotado a R$ 5,4253. Na semana, a moeda acumulou avanço de 0,49%. A queda acompanhou a percepção de que a redução de juros nos EUA pode atrair fluxo para países emergentes, como o Brasil.
Para Bruno Komura, analista da Potenza Capital, o mercado projeta dólar estabilizado próximo de R$ 5,40:
“Com cortes nos EUA e Selic elevada, há expectativa de fluxo positivo. A Selic terminal deve ficar abaixo de 12%.”
DIs e juros futuros
As taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) recuaram:
- Jan/2026: 14,900% (de 14,905%);
- Jan/2027: 14,970% (de 14,080%);
- Jan/2028: 13,300% (de 13,430%);
- Jan/2029: 13,280% (de 13,410%).
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o mercado agora monitora o próximo payroll (5 de setembro), que deve definir se o corte começará já na reunião do Fomc:
“Powell se mostra mais dovish, priorizando o mercado de trabalho. A grande dúvida é quando o ciclo terá início.”
Bolsas dos EUA também avançam
Em Nova York, os principais índices também fecharam no positivo após o discurso de Powell:
- Dow Jones: +1,89%, aos 45.631,74 pontos;
- Nasdaq 100: +1,88%, aos 21.496,53 pontos;
- S&P 500: +1,52%, aos 6.466,91 pontos.
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