“E aí, Aguinaldo Silva, beleza? Não nos conhecemos e é provável que isso nunca aconteça, dado que já sou muito grande para os pretos em suas obras”, começou o intérprete de capitão Ferreira, da série Coisa Mais Linda.
Para ilustrar a luta negra, Ícaro contou a história de sua mãe. “Me sinto no dever de te apresentar Jô do Espírito Santo, uma mulher preta, nordestina e periférica, que criou dois filhos na favela, sob violência constante, com um salário de faxineira. Isso porque tenho certeza que você não é capaz de falar por Joelly, nem por qualquer outra mulher preta brasileira.”
O ator contou sobre a educação que ele e o irmão receberam. “Graças à educação antirracista de Jô, minha referência de infância é a Biba, de Cinthya Rachel [do Castelo Rá-Tim-Bum], e não a Xuxa, de Maria [da Graça] Meneghel. Graças à educação antirracista da minha mãe, aprendi que haveria aqueles que se usariam de sua língua ferina e seu privilégio branco para tentar diminuir nossas conquistas e apontar nosso lugar”
Assim como outros artistas, Ícaro apontou as obras do autor como sendo excludente para os negros. “Seu olhar viciado sobre a sociedade brasileira, expresso em novelas ainda hoje tão embranquecidas, não contempla nossa história, tampouco nosso tamanho.”
Nas redes sociais, Agnaldo acusou Beyoncé de fazer parte da “elite branca e opressora” e disse que a artista ser a primeira mulher negra a usar a joia não é justiça social.
Em seu vídeo, Ícaro enalteceu a artista. “Quero Beyoncé carregada de diamantes, Aguinaldo. Quero vê-la coberta da cabeça aos pés das pedras mais preciosas já roubadas doo continente africano pelos europeus. Quero ver Beyoncé nadando em um cofre de diamantes como se fosse tio Patinhas. E o dobro eu desejo para toda e qualquer mulher preta neste planeta”, disse
O ator citou ainda uma lista de mulheres negras notáveis. “Beyoncé é o presente e cada vez mais o futuro, Aguinaldo. Beyoncé é Joelly, Jô, Taís, Pathy, Aline, Sheron, Cris, Jéssica, Sofia, Lellê, Iza, Uriass, Drika, Tassia, Linn, Liniker, Alcione, Eliana Pittman, Carol, Indira e Elza. Beyoncé sou eu. Algo que você não consegue identificar e que nunca soube representar”.
E encerrou criticando mais uma vez a visão do autor. “A elite preta que o racismo te impede de sequer reconhecer e que torna obsoleta qualquer representação falha proveniente da ignorância racista”, concluiu.
Nos comentários, a atriz Tais Araujo elogiou o posicionamento do colega. “Obrigada por escrever tudo o que eu acredito e sobre quem me inspiro. Viva as mulheres negras desse país e do mundo! E que nós possamos ter e ser tudo o que queremos e sonhamos sem nos preocupar com os olhos, línguas, julgamentos e atitudes de capitães do mato porque esse tempo já acabou. Atenção galera da patrulha das conquistas negras: quem determina o que a gente pode ou não, somos nós. Aprendam, entendam e aceitem que dói menos. Beijos de luz!”
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