O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) Polo Regional de Pesquisa e Inovação de Pato Branco realizou, nesta terça-feira (17), a 3ª Jornada Tecnológica da Agroecologia.
O evento é uma parceria entre o instituto e a Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT), em pesquisa no Sudoeste entre agricultura orgânica e agroecológica.
A oficina abordou durante aula prática os biofertilizantes e controles alternativos de insetos e doenças e sua utilização para substituir agrotóxicos e, além de diminuir o impacto desses produtos na natureza, reduzir os custos para os agricultores familiares.
De acordo com a analista de ciência e tecnologia do IDR-PR, Joice Mari Assmann, essa foi a primeira de três etapas programadas ao longo desse ano, onde 30 pessoas puderam participar do evento. “O público ficou mais restrito nessa etapa porque foi bem prático, fizemos caldas e biofertilizantes”, afirma.
Joice comenta que as próximas etapas contarão com um público maior e abordará a implantação de pomares, manejo agroecológico voltado ao sistema de agroflorestas e os custos para a sua implantação.
“A previsão para a segunda etapa é no final de julho e a terceira etapa deve acontecer no final do ano, entre final de novembro e dezembro, para trabalhar as diferentes variedades de mandioca e batata-doce, abordando toda a parte de manejo, desde a produção de mudas até suas colheitas”.
Sem custo para os interessados, o evento realizado contou com a presença de técnicos agrícolas e produtores que trabalham com a agroecologia, sendo que alguns deles utilizam a agricultura tradicional e estiveram presentes para aprender processos que permitem diminuir o uso de agroquímicos. “Os preços de fertilizantes e bioquímicos estão muito caro, estamos buscando fontes alternativas para diminuir o custo de produção”, destaca Joice.
Quem esteve presente na ocasião pode aprender sobre os sete tipos de caldas e biofertilizantes, comenta a coordenadora. “Explicamos os micro-organismos eficientes, onde colocamos um material na mata de arroz cozido, deixamos por uns 10 dias e capturamos os micro-organismos. Também temos o esterco fervido, a calda bordalesa, a calda sulfo cáustica, calda revitalizante e a calda de vidro”.
Transição para agricultura agroecologia
A agricultora Saionara Lima participou da oficina e levou o conhecimento sobre novas técnicas para sua propriedade que, atualmente, se encontra em transição da agricultura convencional para a agroecologia.
Com isso, a jovem afirma entender que é possível ter alta produtividade sem utilizar agrotóxicos prejudiciais ao ambiente. “Através dessas técnicas, conseguimos conciliar o cultivo sem agredir a natureza”, comenta, ao afirmar que esse é a primeira vez que participa de um evento sobre o assunto. “Tenho levado a agroecologia é um estilo de vida agora”.
Segundo Joice, as pessoas estão buscando maior qualidade de vida e encontrando isso na agroecologia, principalmente após o início da pandemia.
“A agroecologia, os orgânicos, tudo traz maios segurança na parte alimentar e também no social”, conclui.
Produtos que auxiliam o sistema produtivo
A engenheira agrônoma da Acessoar, Elisângela Belanti, esteve a frente da oficina realizada no IDR-PR e explicou o trabalho da UMIPTT com a agroecologia, “onde usa-se tecnologias para praticas ecológicas mais sustentáveis”.
“Trabalhamos mais com pequenas propriedades e agricultura familiar, onde aplicamos processos de agroecologia”.
De acordo com Elisângela, essas técnicas permitem tratar o sistema como um todo e chegar mais próximo do sistema natural, através da adubação.
Ao longo da oficina, a engenheira agrônoma abordou os biofertilizantes e as caldas, “produtos que auxiliam no reequilíbrio do sistema produtivo, então trabalhamos essas questões como forma de alternativa no solo e nas plantas para recuperar os nutrientes e ter um custo melhor”.
Com os preços dos insumos convencionais muito elevados, Elisângela afirma que os agricultores familiares buscam alternativas que, além de possuir menor custo, também causam menos danos ao meio ambiente.
Outro benefício dos produtos agroecológicos é a possibilidade de trabalhar o sistema ativador da autoproteção da planta. “Trabalhamos as caldas que promovem maior resistência ao ataque de insetos e doenças, outras que estimulam a defesa da planta”, explica.
Os produtos também chamam atenção pela possibilidade de proteção contra o período de estiagem e também os períodos de maior frio. “Temos a água de vidro, uma das caldas a base de cal e cinza, ela ajuda na proteção da planta no período de frio e geada. Outras agem como revitalizantes para que a planta possa se recuperar após o período de frio intenso ou estiagem e volte a se desenvolver”, finaliza.