O prejuízo ainda será contabilizado, mas, segundo ele, o que se perdeu, com certeza, foi algo como quatro toneladas de documentos do Instituto Nacional de Cinema, Concine, Embrafilme e Secretaria do Audiovisual. “Perdemos 60 anos de história, toda a memória da política pública de apoio ao cinema”. Itens como projetores e aparelhos antigos, cópias e matrizes secundárias de filmes também podem ter sido destruídos.
Calil não acredita que o incêndio tenha sido uma fatalidade. “Assim como no Museu Nacional, isso não foi uma fatalidade. O abandono das instituições públicas brasileiras de memória é um assunto escandaloso”, disse. E alertou que ainda há muito com o que se preocupar – inclusive no que diz respeito ao prédio principal da Cinemateca, na Vila Clementino, onde está o acervo inflamável. “A segurança da Cinemateca não se faz apenas com controles de temperatura e de segurança. Ela é feita pelo exame periódico desse acervo pelos técnicos, e a Cinemateca está sem técnico nenhum. Ela está fechada há mais de um ano.” O cineasta completa: “Estão mantendo a Cinemateca como um doente por aparelhos. Não tem ninguém cuidando do acervo, examinando o material, que precisa ser examinado para dizer que ele está sob segurança.”
O que ele espera que aconteça agora? “Francamente, não sei o que esperar. Eu achava que tínhamos chegado ao fundo do poço, mas pelo visto não chegamos”, finaliza.
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