Incidência do câncer de mama vem aumentando no mundo todo

Por Roberto Camargo 

Em 2020, foram estimados cerca de 2,3 milhões de novos casos de câncer de mama no mundo, o tipo que mais causa mortes entre as mulheres. Praticamente, um a cada quatro diagnósticos de câncer na população feminina é de mama. Em algumas regiões do planeta, como Ásia, África e América do Sul, essa prevalência vem aumentando à medida que se intensificam processos de migração que expõem a população a novos fatores sociais e ambientais.

“Acredita-se que essas diferenças internacionais e esse aumento da prevalência em determinados locais estejam relacionados mais a mudanças sociais que ocorreram durante o processo de industrialização. Os estudos sobre padrões migratórios são consistentes com a importância dessas mudanças, tanto culturais quanto ambientais”, disse a diretora do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Lana de Lourdes Aguiar Lima.

Fatores demográficos também estão por trás do aumento da incidência do câncer de mama, como a crescente população de mulheres com sobrepeso ou obesidade após a menopausa e o aumento do número de mulheres que decidem não engravidar ou que tem sua primeira gravidez em idade mais avançada. Além disso, o próprio aumento da expectativa de vida, bem como a incidência do alcoolismo e tabagismo entre as mulheres contribuem para a elevação do número de casos de câncer de mama.

No Brasil, não é diferente, o câncer de mama é o que mais mata. Por ano, são 11,84 óbitos a cada 100 mil mulheres no país – mais do que outros tipos de câncer que ocorrem na população feminina.

Outubro Rosa

Embora seja focado no combate ao câncer de mama, o Outubro Rosa é uma campanha que procura despertar para a importância da saúde ampla e integral da mulher, com ênfase nas ações de prevenção que conseguem diminuir o risco de doenças no público feminino: o controle do peso e da gordura corporal, terapias hormonais e o combate aos hábitos de vida negativos, como o alcoolismo, tabagismo e o sedentarismo. 

“Estudos observacionais sugerem que a atividade física está associada ao menor risco de câncer de mama. A redução do risco visto com a atividade física provavelmente não é mediada apenas pelo controle do peso. A atividade física pode diminuir o risco do câncer de mama através de influências hormonais e pode também reduzir a recidiva do câncer na população sobrevivente. Seguir um programa de atividade física regular, minimizar o consumo de álcool e abster-se de fumar são cuidados associados cientificamente à redução do risco e da melhor qualidade de vida dessa população”, disse Lana.

Há inclusive um programa do Ministério da Saúde que repassa recursos federais para adequar unidades de atenção primária à realização de atividades físicas. Esse incentivo pode ser usado tanto para contratação de profissionais de saúde e aquisição de materiais, como também para qualificar os ambientes onde serão oferecidas as atividades.

Uma ação importante da campanha Outubro Rosa é a realização da mamografia, um exame essencial para a detecção precoce do câncer de mama, o que aumenta muito as chances de cura das pacientes. Ele contribui para o rastreamento da doença em mulheres de 50 a 69 anos, e deve ser feito a cada dois anos, pelo menos. Na ausência da mamografia, seja no período entre um exame e outro, como também em mulheres mais jovens, a identificação de uma massa na mama é suficiente para diagnosticar o câncer e encaminhar a paciente para tratamento.

SUS 

O Sistema Único de Saúde (SUS) atende gratuitamente mais de 190 milhões de pessoas no Brasil. Com total capilaridade, chega às regiões mais remotas do país, o que auxilia muito no diagnóstico e combate a doenças como o câncer de mama. A atenção primária à saúde é a porta de entrada para o cidadão que procura o SUS atrás de exames e diagnósticos, como explica a diretora.

“Na atenção primária são feitas ações de promoção, de prevenção e de detecção primária do câncer. Quando há suspeita de câncer de mama, essas mulheres devem ser encaminhadas à média complexidade, para complementar essa investigação iniciada na atenção primária”, disse Lana.

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