Situação requer mudança de comportamento da população que pode contribuir excluindo possíveis criatórios
Aline Vezolli e Marcilei Rossi
Com o índice de infestação de dengue em 4,4% desde março de 2022, um número considerado alto pela Secretaria de Saúde, Pato Branco continua registrando significativo aumento de casos da doença e preocupando as autoridades locais, que segue fazendo campanhas e mutirões para desacelerar a reprodução do mosquito Aedes aegypti.
Em 2021, os casos de dengue confirmados no município foram apenas quatro. Em 2022, os quatro primeiros meses do ano já somam 577 casos confirmados, de acordo com o boletim liberado na segunda-feira (18), sendo que apenas um é autóctone, ou seja, apenas um caso foi contraído fora do município.
O boletim epidemiológico da dengue apontou ainda 3.262 notificações na última semana, enquanto no dia 8 de abril, foram 2.597 notificações. Desses, 419 foram registrados no bairro Fraron, 289 no Centro, 171 no Bortot e 162 no São Vicente.
O bairro com maior número de casos confirmados, segundo o último boletim, é o bairro Fraron, onde 91 pessoas foram infectadas com a doença. O Vila Isabel fica com o segundo maior número de casos, com 61; o São Vicente, com 55; o Bortot, 53; e o Centro, 45 casos.
Nessa segunda, completou uma semana que o Município decretou Situação de Emergência para a dengue. Ao comentar os dados mais recentes da proliferação da dengue no município, o diretor da Vigilância de Saúde, da Secretaria de Saúde de Pato Branco, Rodrigo Bertol afirmou que “a evolução vem ocorrendo semana a semana”, o que levou a destacar que a cada dia o acréscimo de resultados laboratoriais, diagnósticos e notificações apontam para evolução gradativa de casos.
Bertol também destacou a importância da eliminação dos focos de proliferação até mesmo pensando para o próximo ano. “2023 é preocupante pela quantidade de população vetorial que tem”, disse ele falando em continuidade dos mutirões de limpeza como forma de minimizar os criatórios.
Ele também destacou que Pato Branco viveu surtos de dengue em 2016, 2019 e 2020. “Há anos falamos que estávamos com o mosquito, que tínhamos seringas voadoras, só não tínhamos inoculado o vírus dentro destas seringas. Hoje, estas seringas voadoras estão inoculando o vírus no município. Temos que cuidar, tentar impedir ao máximo e trabalhar com as questões [para que] não venha mais aumentar essa demanda”, afirmou o diretor da Vigilância de Saúde, ao falar da necessidade de sensibilização da população para a atual situação da dengue.
Ações coordenadas
Frente a gravidade da situação da proliferação e contaminação no município, mas, também em outras localidades na área de atuação da 7ª Regional de Saúde (RS), foi realizado nesta segunda, um encontro com profissionais da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Estiveram em Pato Branco, a coordenador de Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte e a chefe de Divisão de Doenças Transmissíveis por vetores, Emanuelle Gemin Panzato.
Em linhas gerais as médicas veterinárias da Sesa destacaram o trabalho que vem sendo feito nos municípios, que vão deste a remoção dos criadouros, e conscientização da população para que a limpeza dos locais ocorra.
Ivana comentou que um questionamento constante é com relação ao carro de fumacê e revelou que “ele não funciona [com toda a eficácia]. Ele elimina de 30% a 40% do mosquito que está voando, e todo o dia está eclodindo novos mosquitos dos criadouros”, pontuou a coordenadora de Vigilância Ambiental, falando da importância de eliminar o mosquito “enquanto ele está retido no seu berço, aonde estão as larvas.”
Ela ainda afirmou que mantendo o volume de infestação baixo, por consequência tem controlada a situação de transmissão de dengue. “É preciso manter os índices de 1%. Eliminar é muito difícil, mas manter abaixo de 1%, consegue controlar essas epidemias”, comentou destacando a importância do trabalho de todos para a redução dos indicadores.
O chefe da 7ª Regional de Saúde, Anderson Nesello destacou que tanto a coordenação da regional situação em Pato Branco, como a de Francisco Beltrão (8ª RS), já previam uma situação mais drástica neste período do ano.
Segundo ele, com base em dados da regional e da secretaria estadual, o atual cenário foi antecipado, uma vez que se vislumbrava os índices atuais para o mês de maio.
Nesello falou em ação conjunta dos entes do Estado, e dos municípios, engajando a população “para que ela [população] tome isso [cuidados], como uma atitude diária, no sentido de remover os criadouros, que hoje está comprovado, que 90% está dentro das residências.”